Caminhões-tanque carregados com gás liquefeito que estavam retidos há cinco dias pela alfândega argentina quando tentavam cruzar a fronteira com o Paraguai serão liberados, informou nesta quinta-feira (21) um representante empresarial que participou da negociação.
Este episódio acontece uma semana após barcas com combustível serem retidas e em seguida liberadas pela Argentina, e a dias do Paraguai cortar o fornecimento elétrico ao país vizinho.
"Foi acordado na reunião desta manhã e, partindo da boa vontade de todos, agora procederemos à liberação dos primeiros quatro caminhões que contêm propano", disse Gustavo Lucero, presidente da Câmara Paraguaia de Gás (Capegas).
"Posteriormente, procederemos à liberação de todos os caminhões durante o dia ou amanhã", continuou. "Esperamos que as autoridades argentinas cumpram com os compromissos assumidos".
A retenção de 22 caminhões-tanque ocorreu no último sábado no cruzamento entre a localidade argentina de Puerto Pilcomayo com a vizinha Itá Enramada. O sindicato dos caminhoneiros advertiu sobre os riscos de manter esse tipo de carga sob o calor da região.
"Lamentamos a atitude do governo argentino", expressou em um entrevista de rádio o vice-presidente Pedro Alliana. "Poder ser um acerto de contas para que nós possamos ceder em relação às negociações de (hidrelétrica) Yacyretá".
O vice estava se referindo a uma decisão paraguaia desta semana de cortar o fornecimento de eletricidade da usina binacional construída sobre o rio Paraná.
O governo alegou uma dívida de 150 milhões de dólares (quase R$ 740 milhões), que Buenos Aires viu como represália à cobrança de um pedágio (US$ 1,47 por tonelada) na hidrovia Paraguai-Paraná com destino ao rio da Prata, e que levou à retenção por uma semana de um comboio de barcas, incluindo uma com 30 milhões de litros de combustível.
Alliana garantiu que as negociações se mantêm e que um acordo sobre Yacyretá está sendo redigido.
* AFP