O governo do Azerbaijão e os separatistas armênios de Nagorno Karabakh iniciaram negociações de paz nesta quinta-feira (21), após a operação relâmpago das forças militares de Baku, que deseja estabelecer o controle efetivo sobre o território do Cáucaso, que já foi cenário de duas guerras.
As negociações acontecem na cidade azerbaijana de Yevlax, que fica 200 km ao oeste da capital Baku.
Um correspondente da AFP observou um carro com bandeira russa no local das negociações. Imagens divulgadas pela televisão do Azerbaijão mostraram as duas delegações ao redor de uma mesa.
"O caminho para a paz não é fácil, mas deve ser percorrido", afirmou o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, pouco depois do início das negociações.
A Rússia tem soldados de uma força de manutenção da paz neste enclave montanhoso do Cáucaso, que fica dentro das fronteiras internacionais do Azerbaijão, mas é controlado em boa parte por separatistas armênios desde um conflito no início dos anos 1990.
O presidente russo Vladimir Putin anunciou que as conversações de paz serão mediadas pelo contingente de paz do país, presente na região desde o cessar-fogo que acabou com seis semanas de combates em 2020.
De modo paralelo, o Conselho de Segurança da ONU organizará uma reunião urgente sobre a situação em Nagorno-Karabakh durante a tarde. O Azerbaijão iniciou a operação militar no enclave na terça-feira e anunciou vitória 24 horas depois.
O balanço mais recente divulgado pelos separatistas armênios indica que pelo menos 200 pessoas morreram e 400 ficaram feridas. A Rússia também anunciou as mortes de dois soldados, que estavam em um veículo atingido por tiros.
Encurralados pelas tropas de Baku, os separatistas armênios aceitaram assinar um cessar-fogo e participar nas negociações em Yevlax sobre a reintegração efetiva da região ao Azerbaijão.
Enquanto as negociações começavam em Yevlax, tiros foram ouvidos em Stepanakert, a capital separatista dos armênios de Nagorno Karabakh.
Os separatistas acusaram o Azerbaijão de violar o cessar-fogo, o que Baku negou de maneira imediata.
Em Genebra, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, a Armênia chamou a operação militar do Azerbaijão de "crime contra a humanidade".
"A Armênia não deixa de informar este Conselho sobre a iminência de uma limpeza étnica, que já está em curso (...) Não é uma simples situação de conflito, e sim um crime contra a humanidade que deve ser tratado como tal", declarou o embaixador armênio, Andranik Hovhannisyan.
* AFP