Os países do G7 se comprometeram, nesta quarta-feira (12), em Vilnius, Lituânia, a fornecer apoio militar de longo prazo à Ucrânia para derrotar a Rússia, gesto que o presidente ucraniano Volodimir Zelensky considerou como uma vitória em seu caminho para ingressar na Otan.
As sete economias mais avançadas anunciaram que trabalharão com a Ucrânia "em acordos e compromissos de segurança específicos, bilaterais e de longo prazo para (...) garantir uma força sustentável capaz de defender a Ucrânia agora e dissuadir a agressão russa no futuro".
Isso inclui "assistência de segurança e equipamentos militares modernos, nos domínios terrestre, aéreo e marítimo, priorizando defesa aérea, artilharia e dispositivos de longo alcance, veículos blindados e outras capacidades essenciais", indicaram os membros do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).
Os sete países também expressaram seu firme compromisso de responsabilizar criminalmente a Rússia pelas atrocidades cometidas desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
"Não deve haver impunidade para crimes de guerra e outras atrocidades. Neste contexto, reiteramos nosso compromisso de responsabilizar os culpados, de acordo com o direito internacional", alertaram.
"Não vamos ceder", afirmou o presidente americano, Joe Biden, em um discurso diante de uma multidão na Universidade de Vilnius.
A Rússia, acrescentou, está fazendo uma "aposta errada" ao acreditar que a convicção e a unidade dos membros da Otan e do G7 irão diminuir.
- Adesão apenas no final da guerra -
Zelensky comemorou uma "grande vitória em matéria de segurança" para seu país, embora tenha deixado claro que "a melhor garantia para a Ucrânia é fazer parte da Otan".
"Estou confiante em que, depois da guerra [contra a Rússia], a Ucrânia estará na Otan. Faremos tudo o possível para que isso aconteça", acrescentou.
Os compromissos dos países do G7 não devem ser vistos como uma iniciativa "no lugar da Otan, mas como garantias de segurança em nosso caminho para a integração", afirmou Zelensky.
Esta posição foi explicitada em uma nota divulgada após um encontro entre o presidente ucraniano e o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak. Segundo o comunicado, os dois líderes "concordaram em que esses acordos de segurança não substituem a adesão à Otan".
Na terça-feira, no primeiro dia da cúpula em Vilnius, a Otan prometeu que convidará a Ucrânia para se somar à aliança quando todos os aliados estiverem de acordo e "as condições forem cumpridas", sem oferecer um cronograma detalhado para concretizar o objetivo.
Autoridades de Estados Unidos e Alemanha disseram nesta quarta-feira que essas condições não se referem apenas a questões militares, mas também a reformas para proteger a democracia e o estado de direito na ex-república soviética.
"Nenhum país está isento" dessas condições, disse o chefe do governo alemão, Olaf Scholz.
O presidente americano, Joe Biden, um dos que bloquearam a rápida entrada da Ucrânia na Otan, reafirmou que os países do G7 estão do lado das forças ucranianas.
Os ucranianos são "incríveis", disse Biden, elogiando a coragem da resistência da Ucrânia à invasão russa.
Outros oito países da Otan (Espanha, Holanda, Portugal, Islândia, Noruega, Dinamarca, Polônia e República Tcheca) também assinaram a declaração de ação do G7 e indicaram que buscarão acordos bilaterais específicos para ajudar a Ucrânia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, observou que a Rússia é "militar e politicamente frágil" e que já exibiu "seus primeiros sinais de divisão".
O governo russo advertiu que os compromissos do G7 com a Ucrânia "tornarão a Europa muito mais perigosa por anos e anos".
Na visão do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, era previsível que a Rússia reagisse aos anúncios do G7, uma vez que as medidas "reforçam o flanco leste" da Otan.
- Reunião de "iguais" -
Zelensky participou da primeira reunião do Conselho Ucrânia-Otan, uma instância que permite um diálogo direto com a aliança, mas que ainda está longe de significar uma incorporação ao clube.
"Nesta quarta-feira, nos reunimos [Otan e Ucrânia] como iguais. Espero o dia em que vamos nos reunir como aliados", ou seja, como parte da aliança, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Os países ocidentais já enviaram dezenas de bilhões de dólares em armas para a Ucrânia. Ontem, a Alemanha anunciou que forneceria mais tanques, defesas antimísseis Patriot e veículos blindados no valor de 700 milhões de euros.
A França anunciou, por sua vez, que estava enviando mísseis de longo alcance do tipo SCALP, e uma coalizão de 11 nações informou que começará a treinar pilotos ucranianos no uso de caças F-16 a partir de agosto.
* AFP