A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) iniciou, nesta terça-feira (11), na Lituânia, uma reunião de cúpula de dois dias, na qual pretende enviar uma "mensagem clara" sobre a adesão da Ucrânia, país que intensificou as pressões e criticou abertamente a indecisão da aliança militar.
"Vamos enviar uma mensagem clara, uma mensagem positiva, sobre o caminho que temos pela frente", declarou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em referência à futura adesão da Ucrânia, que desde fevereiro de 2022 resiste à invasão russa.
Alguns minutos antes, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que a Otan definirá durante um "caminho" para a entrada da Ucrânia, mas sem estabelecer um calendário preciso.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, chegou a Vilnius à tarde para participar do conclave como convidado, informou seu porta-voz. Pouco depois, o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov, informou que também estava na capital lituana.
Antes de viajar, Zelensky criticou a "incerteza e a fraqueza" da Otan a respeito da adesão de seu país, e afirmou que a atitude da aliança reforça o "terrorismo" russo.
O presidente ucraniano deve fazer um discurso nesta terça em uma praça central de Vilnius. Na quarta-feira, ele deve se juntar aos demais líderes dos países da Aliança Atlântica.
As demandas de Ucrânia para obter um roteiro claro e definido sobre sua adesão à Otan - após o fim da guerra com a Rússia - representam o ponto central do encontro de cúpula de líderes da aliança militar.
Moscou afirmou que a reunião, que o Kremlin acompanha "de perto", tem "um forte caráter anti-Rússia".
Quando o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a intervenção militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, exigiu, entre outras coisas, que a ex-república soviética tivesse um "status neutro" e garantias de que nunca entraria na Otan.
- "Agora não" -
Zelensky elevou o tom, um dia após afirmar que a "Ucrânia merece estar na aliança", antes de admitir que "agora não, porque agora há a guerra".
Apesar das divergências internas sobre o tema, a Otan pretende demonstrar unidade em seu apoio a Kiev.
Os países do leste da aliança pressionam para que a Ucrânia obtenha um compromisso explícito sobre os prazos de adesão, mas as principais nações da Otan relutam em avançar além da promessa de que a Ucrânia um dia será membro da aliança.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou na semana passada que a adesão da Ucrânia não deve acontecer agora, devido à falta de consenso na aliança e pelos riscos de aceitar um país em guerra.
A Otan, no entanto, parece disposta a oferecer uma alternativa à Ucrânia, com a eliminação de um requisito fundamental, o de completar um programa de reformas para ingressar na aliança.
Um grupo de países da Otan, neste cenário, negocia compromissos de longo prazo para fornecer armas à Ucrânia.
O envio de armamento não atende o desejo de Zelensky de ter o país sob o guarda-chuva de defesa coletiva da Otan, mas pode assegurar a continuidade da resistência à invasão russa.
Ao chegar à sede da reunião, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que o país fornecerá à Ucrânia mísseis SCALP de longo alcance (250 km), capazes de "atacar em profundidade".
O Kremlin não demorou a prometer uma resposta ao anúncio francês, que chamou de "erro".
Ao mesmo tempo, o ministério da Defesa da Alemanha anunciou o envio de uma nova ajuda militar à Ucrânia no valor de 700 milhões de euros (770 milhões de dólares, R$ 3,75 bilhões).
Além da discussão sobre a Ucrânia, os líderes da Otan deverão definir e adotar um novo plano estratégico regional para proteger o bloco de um potencial ataque. Eles também devem discutir sobre os polêmicos níveis dos gastos de defesa.
A ideia da Otan é transformar em um objetivo maior a meta de que cada país membro deve investir 2% do PIB em defesa, com a mudança da meta para investimentos de "pelo menos" 2%.
* AFP