Ao menos 14 civis morreram nos combates ao redor do quartel-general da polícia em Cartum, que caiu nas mãos dos paramilitares, o que põe o exército em dificuldades na capital do Sudão.
Além disso, um grupo rebelde abriu uma nova frente no sul do país, na fronteira com a Etiópia, ao lançar um ataque contra o exército, segundo indicaram à AFP habitantes de Kurmuk, um povoado dessa região.
Na capital Cartum, após dois meses e meio de guerra contra o exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR) anunciaram no domingo à noite uma "vitória na batalha pelo quartel-general da polícia".
"Controlamos totalmente" as instalações e "apreendemos um grande número de veículos, armas e munições", acrescentou o grupo em um comunicado.
A tomada de controle "terá um impacto importante na batalha de Cartum", declarou à AFP um ex-oficial do exército que pediu anonimato.
O quartel, na zona sul da cidade, "garante o controle da entrada sul da capital" às FAR, segundo a mesma fonte.
E mesmo que os paramilitares não consigam manter o controle desta posição estratégica, os vídeos divulgados por seu sistema de propaganda mostram os combatentes das FAR recuperando muitas munições e armas.
Em um comunicado, o Exército respondeu que não se tratava "de uma vitória militar (...) mas sim de um ataque flagrante contra as instituições do Estado que protegem os civis".
Ao menos "14 civis, incluindo duas crianças, morreram" no domingo nos arredores do quartel da polícia", anunciou uma rede de militantes que tenta organizar os serviços de emergência e as operações de transferência para os poucos hospitais que ainda estão em funcionamento na região.
"Recebemos 217 feridos, 72 deles em estado crítico, e 147 pessoas passaram por cirurgia depois que foram atingidas por balas perdidas, bombardeios ou lançamentos de foguetes nos bairros residenciais", afirmou o comitê.
A ONG Acled registrou mais de 2.800 mortes na guerra, iniciada em 15 de abril, um balanço considerado muito abaixo dos números reais porque nenhum lado informa suas baixas.
Desde o início do conflito, mais de 2,5 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas. Mais de 500.000 atravessaram as fronteiras, em particular para o Egito, ao norte, o Chade, ao oeste, segundo a ONU.
* AFP