O líder do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, 62 anos, divulgou neste sábado (24) uma nota de voz em seu canal do Telegram em que afirma que ordenou que suas tropas, que estavam avançando em direção a Moscou, recuassem e voltassem para suas bases.
"Agora é a hora em que o sangue pode correr. Por isso, nossas colunas recuam, para retornarem aos acampamentos", declarou Prigozhin em mensagem publicada no aplicativo.
Prigozhin também teria confirmado que os combatentes já tinham avançado a uma distância de 200 quilômetros da capital russa. Além disso, os mercenários estavam presentes em três regiões do país: Rostov-on-Don, Voronej e Lipetsk. O grupo tinha como objetivo derrubar o comando militar russo.
Antes do anúncio de Prigozhin, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, declarou que havia negociado com o líder paramilitar para "deter os movimentos" de seus homens e evitar uma nova escalada, e que este havia aceito a proposta em troca de proteção e segurança para si e seus aliados.
O início do conflito
Entre a noite de sexta-feira (23) e a madrugada de sábado, Yevgeny Prigozhin divulgou uma série de vídeos em que afirmava que ele e suas tropas tinham entrado na cidade russa de Rostov-on-Don, no sul do país, e haviam tomado as instalações militares.
Pouco após a declaração, Vladimir Putin, presidente da Rússia, declarou que ações já estavam sendo adotadas para conter a rebelião e que a segurança em Moscou e demais regiões do país haviam sido reforçadas.
Em discurso proferido neste sábado, Putin qualificou o ato como uma "ameaça mortal" e afirmou que a "traição" do grupo resultaria em uma "inevitável punição".
O Ministério Público da Rússia também tomou providência sobre o caso e iniciou a abertura de uma investigação por "motim armado" contra o grupo Wagner, cujo efetivo, segundo o líder, é de 25 mil combatentes.
As tropas de Wagner apoiaram a invasão na Ucrânia e as ações do presidente russo na época. No entanto, um recente bombardeio de suas bases pelo exército da Rússia os motivou a se rebelar contra os antigos aliados.
Como surgiu o grupo?
Fundado em 2014, Wagner teve como uma de suas primeiras missões conhecidas ações na península ucraniana da Crimeia, naquele mesmo ano, quando militares com uniformes sem identificação ajudaram forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região.
Privado, mas atuando de acordo com os interesses do governo russo, o grupo também esteve envolvido em conflitos no Oriente Médio e na África, mas sempre negou sua participação. No ano passado, Prigozhin admitiu ter fundado o grupo recrutando soldados em prisões russas em troca de anistia.
No leste da Ucrânia, seus paramilitares têm se posicionado na linha de frente. Eles lideraram a tomada de Bakhmut, que se estendeu durante meses, e reivindicaram ter tomado esta cidade para as tropas russas, embora a operação tenha causado muitas baixas ao grupo.