A Corte Interamericana de Direitos Humanos exigiu, nesta quarta-feira (28), à Nicarágua que liberte "imediatamente" o monsenhor Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, preso e condenado a 26 anos de prisão por "danos à integridade nacional".
A Corte IDH, com sede em San José, na Costa Rica, ordenou "exigir ao Estado da Nicarágua para que, de forma imediata, proceda com a libertação do Monsenhor Rolando José Álvarez Lagos, Bispo de Matagalpa, e que também adote as medidas necessárias para proteger efetivamente sua vida, saúde e integridade pessoal", informaram do tribunal continental através de uma resolução.
Álvarez foi condenado em 10 de fevereiro após se recusar, um dia antes de sua sentença, a deixar o país e ir para os Estados Unidos junto com 222 presos políticos que foram libertados e expulsos do país.
A Corte estabeleceu um prazo até 7 de julho para que a Nicarágua tramite a libertação do religioso e informe o tribunal devidamente sobre o processo.
Enquanto tramita sua libertação, a Corte Interamericana dispôs que se garanta "um tratamento digno mediante o acesso imediato a serviços de saúde, medicamentos e alimentação adequada, bem como facilitar seu contato com familiares e advogados".
O caso de Álvarez é um dos temas de tensão entre o governo de Daniel Ortega e a Igreja Católica, no momento em que as relações diplomáticas de Manágua com o Vaticano estão à beira de uma ruptura.
No início de março, o Ministério de Relações Exteriores nicaraguense sustentou, em um comunicado, que "foi cogitada a suspensão das relações diplomáticas" com a Santa Sé.
O encarregado de negócios do Vaticano na Nicarágua, Marcel Diouf, deixou o país em 17 de março. Há um ano, Ortega expulsou o núncio, Waldemar Stanislaw Sommertag.
Em 10 de fevereiro, um dia depois da liberação e expulsão dos 222 presos, um tribunal condenou o bispo Álvarez a 26 anos e quatro meses de prisão e ao pagamento de uma multa de 1.600 dólares (cerca de 8.400 reais, na cotação da época). Além disso, privou-o de sua nacionalidade nicaraguense e de seus direitos de cidadania para sempre.
* AFP