O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, foi libertado sob fiança nesta sexta-feira (12), após uma detenção de três dias por denúncias de corrupção que provocou protestos violentos em todo o país.
O ex-chefe de governo havia sido preso quando compareceu a um tribunal na capital Islamabad, mas a suprema corte do país considerou, na quinta-feira, que sua prisão foi ilegal e que todo o processo deveria ser revisto.
Hoje, o tribunal concedeu a Khan a liberdade sob fiança "por um período de duas semanas" e ordenou sua libertação durante esse período, disse Khawaja Harris, um de seus advogados.
A medida foi cumprida nas últimas horas desta tarde e Khan partiu para Lahore, a 380 km da capital, informou seu partido.
O ministro do Interior, Rana Sanaullah, prometeu reordenar a prisão de Imran Khan, atolado em uma série de processos judiciais desde que perdeu o poder, em abril de 2022, por uma moção de censura parlamentar.
As eleições gerais estão marcadas para outubro, e o ex-astro do críquete, ainda muito popular no país, acusa o atual governo de coalizão e o Exército de tentarem impedir seu retorno ao poder.
O ex-chefe de governo, de 70 anos, afirmou também que um alto oficial esteve envolvido em um complô para assassiná-lo em novembro, o que não caiu bem no Exército, uma força política de enorme importância neste país do sul da Ásia.
- Dois dias de caos -
A prisão de Khan desencadeou dois dias de caos, quando milhares de seus apoiadores incendiaram prédios e bloquearam estradas em várias regiões.
O governo mobilizou o Exército e pelo menos nove pessoas morreram nos confrontos, segundo fontes policiais e de saúde.
Centenas de policiais ficaram feridos e mais de 3.500 pessoas foram detidas, a maioria nas províncias de Punjab e Khyber Pakhtunkhwa, segundo as autoridades.
O ex-governante responde a dezenas de processos e tem "um longo caminho pela frente", disse à AFP o analista Imtiaz Gul.
"Isso é apenas um alívio temporário, provavelmente como parte dos esforços para reduzir a escalada de uma situação explosiva", opinou.
Segundo este especialista, os processos judiciais movidos contra Khan "parecem destinados a mantê-lo atolado e incapacitado para o exercício ativo da política".
* AFP