O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, avança sobre seu principal adversário, Kemal Kiliçdaroglu, após a apuração de 70% dos votos das eleições deste domingo (14). Com mais de 70% dos votos apurados, Erdogan, há 20 anos no poder, aparece com 50,9% dos votos. Seu maior concorrente, Kemal Kiliçdaroglu, tem 43,3% dos votos, segundo a emissora TRT World.
Erdogan chegou ao cargo em 2003. Desde então, um terço dos turcos, jovens recém-saídos da adolescência, nunca conheceram outro presidente. As eleições deste domingo eram consideradas a maior ameaça das últimas décadas ao chefe de estado da Turquia.
O ambiente altamente polarizado faz os dois candidatos flertarem com marca dos 50% dos votos, o que decidiria a eleição no primeiro turno — o segundo, dependendo da votação dos candidatos nanicos, será realizado no dia 28.
O líder turco é um personagem controvertido. Herdou o segundo país mais populoso da Europa castigado por uma inflação crônica e taxas de juros estratosféricas. Ele tinha 49 anos e misturava um populismo nacionalista com um tempero religioso.
Neste domingo, a ameaça vem de um burocrata com pouco carisma, mas que conseguiu montar um arco de alianças que pode destronar o presidente mais longevo da Turquia desde a queda do Império Otomano. Aos 74 anos, o economista Kilicdaroglu é um funcionário público aposentado que escalou as pesquisas com a promessa de romper com a era Erdogan.
De fala mansa e figura esguia, ganhou dos analistas o apelido de "Gandhi da Turquia". Com habilidade, Kilicdaroglu deu uma repaginada no moribundo Partido Republicano do Povo (CHP), transformado em uma moderna máquina de negociação social-democrata.
Na votação deste domingo, os turcos decidem se Kilicdaroglu foi ou não convincente. Superar a era de Erdogan não é fácil. A Turquia está dividida. Muitos duvidam que o sultão aceite a derrota. Outros temem que Erdogan não seja capaz de perceber que a hora de descer do bonde chegou.