O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, classificou a Alemanha, neste domingo (14), como um "verdadeiro amigo" e "aliado confiável", ao receber dos alemães um novo carregamento de armas para apoiar a contraofensiva ucraniana contra a Rússia.
Berlim se blindou para a primeira visita de Zelensky à Alemanha desde o início da invasão russa, há 15 meses. O ucraniano foi recebido pelo chefe do governo alemão, Olaf Scholz, com todas as honras militares.
— Gostaria de lhe agradecer, Olaf, sinceramente, assim como a todo o povo alemão, por cada vida ucraniana salva graças ao seu apoio — disse Zelensky, em entrevista coletiva conjunta.
Scholz garantiu que a Alemanha apoiará a Ucrânia pelo tempo que for necessário e especificou que o apoio de seu país, incluindo armas, chegou até agora a 17 bilhões de euros (cerca de US$ 18,5 bilhões, ou R$ 91 bilhões, na cotação atual).
Anunciado no sábado (13), o novo pacote alemão inclui dezenas de tanques, veículos blindados, drones de vigilância e quatro novos sistemas de defesa antiaérea Iris-T - apoio considerado insuficiente para Andrij Melynk, vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia.
Após o encontro, ambos seguiriam para Aachen, onde Zelensky recebe, à tarde, o Prêmio Carlos Magno, que reconhece o compromisso com a unificação europeia.
Na noite deste domingo, o presidente ucraniano visitará a França, para uma reunião com seu homólogo francês, Emmanuel Macron.
"Aliado confiável"
Zelensky, que diz não querer "atacar o território russo", e sim, concentrar-se na libertação dos territórios ocupados, pediu a Scholz que apoie a entrega de aviões de combate, algo que a Alemanha se recusou a fazer até o momento. Ele também se mostrou aberto a discussões de paz, mas apenas sob as condições ucranianas.
— Durante o período mais difícil da história moderna da Ucrânia, a Alemanha mostrou ser nossa verdadeira amiga e nossa aliada confiável — agradeceu Zelensky, no livro de visitas da Presidência alemã.
Neste domingo, o presidente ucraniano também se reuniu com o político alemão Frank-Walter Steinmeier. Por ocasião de sua visita, ele e seu ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, participaram de uma reunião com vários ministros alemães, incluindo a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
As relações entre Kiev e Berlim sobre ajuda militar ficaram tensas durante muito tempo, e a Alemanha foi muito criticada por não fornecer armas suficientes. Nos últimos meses, intensificou seu apoio.
Zelensky visitou Roma no sábado, onde se encontrou com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e com o papa Francisco, no Vaticano, a quem agradeceu por sua "atenção" à "tragédia de milhões de ucranianos".
Atual situação da guerra
Esta viagem ocorre em meio aos preparativos de uma contraofensiva do Exército ucraniano, enquanto Ucrânia e Rússia reivindicam avanços no front ao redor da cidade de Bakhmut. Neste domingo, a Ucrânia anunciou que recuperou mais de dez posições russas nos subúrbios de Bakhmut, epicentro dos combates há vários meses e onde se registra, nos últimos dias, um avanço ucraniano sobre os flancos das defesas russas.
— Hoje, nossas unidades recuperaram mais de dez posições inimigas ao norte e ao sul dos subúrbios de Bakhmut — disse a vice-ministra da Defesa, Ganna Maliar, no Telegram, acrescentando que "intensos combates continuam sendo travados" nesta cidade devastada.
A Ucrânia está tentando recuperar terreno nas regiões de Donetsk e de Lugansk, assim como em Kherson e Zaporizhia, cuja anexação é reivindicada pela Rússia.
Também hoje, o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, voltou a criticar a inação do Exército regular russo em Bakhmut. Em uma nota à imprensa, acusou "as forças aerotransportadas" de não apoiarem seus homens.
No terreno, o Exército ucraniano disse no sábado que estava "avançando" no entorno de Bakhmut. A Rússia garantiu, por sua vez, que continua avançando nesta cidade devastada, em grande parte sob seu controle.
Neste domingo, o Ministério russo da Defesa afirmou ter atacado Ternopil e Petropavlivka, na Ucrânia, locais que albergavam armas ocidentais entregues a Kiev para repelir a ofensiva de Moscou.
Em um raro anúncio de baixas no campo de batalha, o Ministério da Defesa da Rússia informou, em um comunicado, que os comandantes Vyacheslav Makarov e Yevgeny Brovko morreram "heroicamente".