Uma Bíblia hebraica de mais de mil anos, conhecida como Codex Sassoon, foi leiloada nesta terça-feira (17) pelo valor de US$ 38,1 milhões (cerca de R$ 189 milhões) . Com isso, o item se torna o segundo manuscrito mais caros já comprado em leilão. A obra pertencia à família Safra.
Essa foi a primeira vez, em mais de 30 anos, que o documento foi leiloado. A casa de leilões Sotheby's International Realty tinha uma estimativa de venda do item entre US$ 30 milhões (R$ 157,5 milhões) e US$ 50 milhões (R$ 262,5 milhões).
A venda foi realizada em Nova York. A disputa pelo artefato durou quatro minutos e envolveu dois licitantes. O item foi adquirido pelo ex-diplomata norte-americano Alfred Moses, em nome de uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos, que irá doá-la ao Museu ANU do Povo Judeu em Tel Aviv.
— A Bíblia hebraica é o livro mais influente da História e constitui a base da civilização ocidental. Fico feliz em saber que ela pertence ao povo judeu — afirmou Moses, que já foi embaixador dos Estados Unidos no governo de Bill Clinton.
O Codex Sassoon
O livro sagrado conhecido como Codex Sassoon é um dos dois únicos códices, ou manuscritos, que contêm os 24 livros da Bíblia hebraica que sobreviveram até a era moderna. Ele leva o nome de seu proprietário anterior, David Solomon Sassoon (1880-1942), que reuniu a coleção particular de textos judaicos antigos mais importante do mundo.
Pesquisadores estimam que essa Bíblia tenha sido escrita há 1,1 mil anos por algum escriba que habitava a atual região da Síria ou de Israel. A obra foi escrita em aproximadamente 400 grandes folhas de pergaminho.
O livro circulou por diversas partes do mundo até que foi parar em uma sinagoga no nordeste da Síria. No entanto, nos séculos 13 e 14, o local foi destruído e, com isso, a publicação ficou sob a responsabilidade de Salama bin Abi al-Fakhr, que deveria devolvê-la assim que a sinagoga fosse reconstruída. A partir desse evento, a obra foi considerada como desaparecida.
Em 1929 a Bíblia foi descoberta à venda em Frankfurt, na Alemanha. O colecionador e estudioso britânico David Solomon Sassoon a comprou por 350 libras esterlinas. Em 1978, o British Rail Pension Fund comprou a Bíblia dos herdeiros de Sassoon por US$ 320 mil. Transcorridos 11 anos, o Fundo Britânico vendeu o livro sagrado em um leilão por US$ 3,19 milhões.
Depois da última venda, o paradeiro da Bíblia continuou como um mistério, até que ela foi vista em um museu britânico em 1982. O último proprietário do livro sagrado de que se tem registro foi o financista e colecionador suíço Jacqui Safra, sobrinho de Edmond Safra, famoso banqueiro judeu-sírio naturalizado brasileiro. Mais recentemente, o item foi exposto na sede da casa de leilão Sotheby's em Manhattan, nos Estados Unidos, sob os cuidados de Sharon Liberman Mintz, consultora sênior de Judaica da instituição.
Livros e manuscritos mais caros já vendidos em leilões
A venda da Bíblia hebraica ultrapassou os US$ 30,8 milhões pagos (R$ 153 milhões) pelo manuscrito Codex Leicester, de Leonardo da Vinci, em 1994, que durante muito tempo foi considerado como o manuscrito mais caro já vendido.
Atualmente, o documento histórico leiloado pelo valor mais alto continua sendo uma das primeiras impressões da Constituição americana, que a Sotheby's vendeu por US$ 43 milhões (R$ 213 milhões) em novembro de 2021.
Confira a lista com os livros e manuscritos mais caros já arrematados em leilões:
- Constituição norte-americana: US$ 43 milhões
- Codex Sassoon: US$ 38,1 milhões
- O Livro de Mórmom: US$ 35 milhões
- Codex Leicester: US$ 30,8 milhões
- Carta Magna: 21,3 milhões
- Bestiário de Northumberland: US$ 20 milhões
- Evangelho de São Cuteberto: US$ 14,3 milhões
- Livro de orações de Rothschild: US$ 13 milhões
- Bay Psalm Book: US$ 14,16 milhões
- The Birds of America: US$ 9,65 milhões