O ex-presidente americano Donald Trump se declarou inocente das 34 acusações feitas contra ele em tribunal de Manhattan, em Nova York, na tarde desta terça-feira (4). Na sessão, ele foi notificado de seu indiciamento, algo sem precedentes para um ex-presidente dos Estados Unidos.
O ato faz parte de um processo criminal no qual Trump é acusado de crimes relacionados a um pagamento para comprar o silêncio de uma atriz pornô durante a campanha eleitoral de 2016.
Trump é acusado de subornar a atriz pornô Stormy Daniels com US$ 130 mil (cerca de R$ 420 mil, nos valores da época) na reta final da campanha eleitoral de 2016 para manter silêncio sobre um suposto caso extraconjugal, que teria ocorrido 10 anos antes e que ele sempre negou.
Seu então advogado Michael Cohen teria sido o encarregado de fazer o pagamento, e o magnata o reembolsou pela quantia de forma parcelada, supostamente fazendo se passar por honorários profissionais.
Após a sessão, o ex-presidente voltou imediatamente para a Flórida, onde mora. Às 21h15min (horário de Brasília), Trump planeja fazer um discurso para apoiadores em seu hotel de luxo em Mar-a-Lago.
Como Trump chegou a esta situação?
A Justiça de Nova York abriu uma investigação em 2018 sobre os supostos pagamentos, que teriam sido realizados pouco antes das eleições presidenciais de 2016. A quantia não foi incluída nas contas de campanha do candidato republicano, o que violaria as leis eleitorais estaduais, mas foi registrada como "honorários advocatícios" nas despesas de sua empresa, com sede em Nova York.
Em janeiro, o promotor do distrito de Manhattan, o democrata Alvin Bragg, nomeou um grande júri, um painel de cidadãos selecionados aleatoriamente com poderes de investigação, para determinar se havia provas suficientes para acusar Donald Trump.
Depois de três meses de investigações e depoimentos de testemunhas, o grande júri decidiu indiciá-lo, mas não tornou públicas as acusações.
A condenação no caso o impede de conseguir outro mandato?
Não. Nos Estados Unidos, uma pessoa acusada ou condenada criminalmente pode concorrer a qualquer cargo e ser eleita. A Constituição estabelece apenas uma exceção: ter participado de uma "insurreição" ou "rebelião" contra os Estados Unidos.
Este cenário não está totalmente descartado, porque Donald Trump é alvo de uma investigação da Justiça Federal por seu papel na invasão do Capitólio por parte de seus simpatizantes em 6 de janeiro de 2021. Uma investigação parlamentar recomendou o indiciamento do ex-presidente por ter "convocado a insurreição", mas, até agora, não foram apresentadas acusações contra ele.