A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, confirmou na quinta-feira (27) que não será candidata às eleições presidenciais de outubro, durante evento no qual defendeu a revisão do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que acusou de ser "inflacionário".
— Não, não, presidente não — disse Kirchner diante de mais de 2 mil partidários reunidos em um teatro de La Plata, 60 quilômetros ao sul de Buenos Aires, enquanto uma multidão do lado de fora gritava "Cristina presidente" e pedia que ela voltasse a se candidatar.
Kirchner, 70 anos, foi presidente duas vezes entre 2007 e 2015 e faz parte da centro-esquerda do peronismo, o maior movimento político argentino desde a segunda metade do século 20, que atualmente governa o país.
Apesar de as pesquisas a colocarem como a peronista com melhores possibilidades, Kirchner lembrou que está "condenada, proscrita, incapacitada e alvo de tentativa de assassinato", em referência ao atentado fracassado que sofreu em setembro de 2022.
Kirchner pediu que "um programa" seja debatido no movimento, mas evitou se pronunciar sobre candidaturas da situação, depois que o atual presidente, o liberal peronista Alberto Fernández, optou por não disputar a reeleição.
Em dezembro, quando foi condenada a seis anos de prisão e inabilitada para cargos públicos por fraude em obras rodoviárias, sentença que ela descreveu como "perseguição política", Kirchner já havia dito que não seria "candidata a nada".
No evento, ela também rejeitou a dolarização da economia, proposta apresentada pelo candidato de direita Javier Milei.
Diante de seus apoiadores, ela criticou o acordo assinado com o FMI pelo governo anterior de de direita, no valor de 44,5 bilhões de dólares (R$ 224,7 bilhões na cotação da época).
— O acordo com o Fundo é inflacionário porque é uma política enlatada — afirmou.
A inflação atual, de 104% em ritmo anual, "não para com a dolarização", disse Kirchner ao mostrar uma tabela segundo a qual a disparada dos preços, que acumula quase 22% até agora neste ano, começou com a assinatura do pacto.
— O acordo com o FMI é um empecilho. É criminoso. Estamos diante de um dilema brutal. E não estamos dizendo que não temos que pagar, temos que revê-lo para tirar condicionalidades como proibir a intervenção do Banco Central, e para podermos ditar as políticas fiscais e monetárias — afirmou Kirchner.