A Finlândia se torna, a partir desta terça-feira (4), o 31º membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A adesão dos finlandeses à aliança militar dobrará o tamanho da fronteira da organização com a Rússia.
Com a entrada da Finlândia, uma consequência direta da invasão russa ao território da Ucrânia, a Otan passa a ter 1,3 mil quilômetros de fronteira direta com a Rússia. O país também apresenta à Otan um contingente de 280 mil soldados e um dos maiores arsenais de artilharia na Europa.
O Kremlin afirmou que este é um "novo agravamento da situação", e que esta maior aproximação da Otan é um "ataque à nossa segurança e aos nossos interesses nacionais, que nos obriga a adotar contramedidas".
A Finlândia terá sua bandeira hasteada nesta terça-feira na explanada da sede da Otan, em Bruxelas. O ato vai marcar de maneira simbólica o processo de integração à instituição.
No ano passado, após a invasão da Rússia ao território da Ucrânia, os países da Otan convidaram formalmente Finlândia e Suécia a aderir de maneira total à aliança. A Suécia ainda precisa negociar, já que sua adesão é vetada no momento por Turquia e Hungria.
— Há pouco tempo era impensável que a Finlândia fosse um membro (da Otan), e agora é um membro pleno. Isso é algo histórico — celebrou nesta terça-feira o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.
Nesta terça, a Finlândia seguirá a cuidadosa a coreografia que marca a entrada de um novo país membro da organização. O ministro finlandês de Relações Exteriores entregará formalmente os documentos de adesão ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, cujo gabinete é o guardião do tratado fundacional da Otan.
Em seguida, a bandeira da Finlândia será hasteada entre as da Estônia e da França, no pavilhão especial na sede da Otan em Bruxelas.
Mais Otan
A adesão formal da Finlândia à Otan significa que o país está automaticamente protegido pelo famoso Artigo 5 da aliança, que considera um ataque a um dos países membros um ataque contra todos os integrantes.
Durante décadas, e apesar de sua história de tensões com a Rússia, a Finlândia optou por ser apenas uma nação associada da Otan, mas a ofensiva da Rússia na Ucrânia convenceu o país a abandonar sua política de não alinhamento automático e buscar a proteção da aliança.
Stoltenberg afirmou na segunda-feira (3) que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a invasão da Ucrânia "com o claro objetivo de ter menos Otan, mas receberá em troca exatamente o oposto".
A Suécia, no entanto, terá que esperar para ver sua bandeira hasteada na sede da Otan. A Turquia resiste a autorizar a adesão dos suecos, porque este país concede refúgio a líderes curdos suspeitos de participação na tentativa frustrada de golpe de Estado de 2016.
Em janeiro, o governo turco reagiu com fúria à decisão da Suécia de permitir que manifestantes organizassem um protesto diante da embaixada da Turquia em Estocolmo, onde queimaram um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islamismo.
Os países da Otan programaram uma reunião de cúpula em julho na Lituânia. Os diplomatas da aliança esperam que o encontro marque a entrada da Suécia na organização.
Nesta terça-feira, Blinken publicou no Twitter uma fotografia ao lado do chefe da diplomacia sueca, Tobias Billstrom, e escreveu que a "Suécia está pronta para aderir à Otan".