Atiq Ahmed, ex-político indiano que havia sido condenado por sequestro, foi morto a tiros ao vivo na televisão ao lado do seu irmão, Ashraf, na noite de sábado (15) junto com seu irmão na cidade de Prayagraj (ou Allahabad), em Uttar Pradesh, norte da Índia. Ahmed conversava com repórteres enquanto era encaminhado para uma avaliação médica decorrente da sua detenção. As informações são da BBC Índia.
Três homens suspeitos do crime que se apresentavam como jornalistas se entregaram à polícia e foram presos. No vídeo que mostra a execução, Ahmed e seu irmão, Ashraf, são seguidos por jornalistas.
Ahmed é questionado sobre se havia comparecido ao funeral do seu filho, que havia sido morto a tiros pela polícia dias antes. Ele então afirma:
— Eles não nos levaram, então não fomos.
Logo depois, é possível ver um homem armado disparando em Ahmed e, depois, em Ashraf, já deitado. O ex-político já havia afirmado que estava sendo ameaçado por policiais.
Detalhes do crime
Segundo a polícia, os três suspeitos chegaram ao local em motocicletas. Um policial e um jornalista também ficaram feridos no local.
Após o incidente da noite de sábado, o ministro-chefe Yogi Adityanath ordenou uma investigação judicial sobre os assassinatos e proibiu encontros públicos de grande escala em Uttar Pradesh, para garantir a paz.
Quem era Atiq Ahmed?
Atiq Ahmed tinha 60 anos. Ele começou na política em 1989, como deputado estadual, mandato que serviu duas vezes. Em 2004, ele conquistou uma vaga no Congresso da Índia como deputado federal. Segundo o site Al-Jazeera, Ahmed enfrentava mais de 100 processos criminais, e em março de 2019 foi condenado por sequestro.
Seu irmão Ashraf estava sendo interrogado com ele no caso do assassinato de uma pessoa que testemunharia sobre a morte em 2005 de outro político, que era rival de Ashraf. O filho adolescente de Atiq Ahmed, Asad, foi apontado como um dos principais suspeitos nesse caso. Ele e outro homem foram mortos pela polícia no início desta semana em um tiroteio.
No mês passado, a Suprema Corte da Índia negou um pedido de Ahmed de transferência do local onde estava detido, pois ele se sentia ameaçado pelas forças de segurança.
O Estado de Uttar Pradesh é governado pelo partido nacionalista hindu BJP (Partido do Povo Indiano), que tem como principal líder o atual premiê da Índia, Narendra Modi. Mais de 180 pessoas que enfrentam várias acusações foram mortas pela polícia no Estado nos últimos seis anos. Ativistas de direitos humanos acusam a polícia de realizar execuções extrajudiciais. O governo do Estado nega as acusações.