O fundador sul-coreano da criptomoeda Terra, Do Kwon, foi indiciado por falsificação de documentos e deve comparecer nesta sexta-feira (24) a um tribunal em Montenegro, que analisará um pedido de extradição.
Do Kwon, cujo nome completo é Kwon Do-hyun, foi detido na quinta-feira no aeroporto de Podgorica, junto com seu diretor financeiro, Hon Chang Joon, sob um mandado de prisão sul-coreano.
Kwon, de 31 anos, é o fundador da Terraform Labs, empresa matriz da "criptomoeda estável" Terra, que faliu em maio de 2022. Ele é acusado de fraude pelo colapso de sua empresa, após o qual US$ 40 bilhões (cerca de R$ 209 bilhões) de investidores desapareceram.
"Uma queixa criminal foi apresentada contra ambas as pessoas por falsificação de documentos", informou a polícia de Montenegro.
Kwon comparecerá ao Tribunal Superior de Podgorica nesta sexta-feira, onde o pedido de extradição será examinado, disse um funcionário do tribunal à AFP, sem especificar o país que emitiu o pedido.
As autoridades montenegrinas indicaram, na véspera, que Kwon usou "documentos falsificados da Costa Rica", durante um controle para pegar um voo para Dubai.
Documentos de viagem da Bélgica e da Coreia do Sul foram encontrados durante a inspeção de sua bagagem, e as verificações da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) revelaram que a documentação belga era falsa, informou o Ministério montenegrino do Interior.
Na Coreia do Sul, onde ele é acusado de violar as regras do mercado financeiro, o Ministério Público anunciou nesta sexta-feira que "tomará medidas para repatriar Kwon Do-hyung".
"Estamos trabalhando no processo", disse à AFP Kim Hee-kyung, porta-voz do escritório do distrito sul de Seul.
A Agência Nacional de Polícia da Coreia do Sul afirmou que "vai cooperar ativamente" com o Ministério Público de Montenegro para garantir sua extradição.
- "Fraude bilionária" -
Pouco depois de sua prisão, um júri federal dos Estados Unidos indiciou Do Kwon por oito acusações, incluindo fraude no mercado de ações e fraude online.
Kwon é acusado de "organizar uma fraude criptográfica bilionária", informou Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).
Ele é suspeito de ter fugido da Coreia do Sul, via Singapura, quando sua empresa faliu, em maio de 2022.
Em setembro, o Ministério Público sul-coreano pediu à Interpol que incluísse seu nome na lista vermelha de pessoas procuradas e também retirou seu passaporte.
Após vários relatos de que Kwon voou para Singapura, as especulações sobre seu paradeiro aumentaram, especialmente depois que a polícia de Singapura informou que o empresário não estava no país.
A Coreia do Sul é membro da Convenção Europeia de Extradição, da qual Montenegro também é signatária, informou o Ministério da Justiça da Coreia do Sul em um comunicado.
"O Ministério da Justiça vai proceder ao processo de extradição, em conformidade com as leis e os acordos internacionais", acrescentou.
As criptomoedas estão sendo investigadas por reguladores em todo o mundo, após o colapso de vários ativos, incluindo a queda da plataforma FTX.
Muitas pessoas perderam suas economias quando as moedas digitais Luna e Terra, de Kwon, despencaram, levando as autoridades sul-coreanas a abrirem várias investigações.
"Kwon fez muito mal a muitas pessoas com algo que trazia muitos riscos inexplicáveis", disse à AFP Cho Dong-keun, professor emérito de Economia da Universidade de Myongji, com sede em Seul.
A princípio, uma criptomoeda chamada estável, ou "stablecoin", garante mais estabilidade aos investidores neste segmento volátil.
Seu preço pode estar vinculado ao de uma moeda tradicional ou a ativos tangíveis, mas este não era o caso da Terra, que estava ligada a outro criptoativo desenvolvido pela Luna Foundation Guard, também criada por Kwon.
* AFP