Os líderes da Sérvia e do Kosovo voltaram a se reunir neste sábado (18) para uma negociação mediada pela União Europeia (UE), em um contexto de crescente pressão para se chegar a um acordo que normalize suas relações.
Esta reunião na Macedônia do Norte ocorre depois do fracasso de ambas as partes de conseguirem um acordo em fevereiro, em Bruxelas.
Apesar do plano proposto pelo bloco europeu, o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, e o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, continuaram irredutíveis em suas posições.
No início das conversas deste sábado, Vucic publicou nas redes sociais uma foto com o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, e com o delegado especial europeu para as negociações, Miroslav Lajcak.
Ambos os países se sentarão primeiro com os diplomatas da UE e, depois, conversarão com seus homólogos.
"Estou otimista, estou aguardando. Farei o melhor que puder para a República de Kosovo", disse Kurti, ao chegar às discussões em Ohrid.
A UE apresentou um plano de 11 pontos. O texto estipula o compromisso de que nenhum dos lados recorrerá à violência nem tentará impedir a outra parte de aderir à UE, ou a qualquer outro organismo internacional, uma aspiração fundamental para o Kosovo.
A Sérvia se recusa a reconhecer a independência proclamada em 2008 por esta antiga província, de maioria albanesa.
- Otimismo -
Após as negociações em Bruxelas, Vucic prometeu nunca reconhecer o Kosovo, ou tomar quaisquer medidas que lhe permitam entrar na ONU, ou ingressar em uma aliança militar como a OTAN.
Antes da negociação deste sábado, da qual participa o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, Vucic manteve o tom desafiador.
"Não penso em assinar nada", disse ele à imprensa na quinta-feira (16).
Este último ciclo de conversas se dá 25 anos depois do conflito entre insurgentes albaneses e tropas sérvias, encerrado com uma onda de bombardeios da OTAN.
Esta semana, Kurti já havia manifestado seu otimismo, mas colocou em Vucic a responsabilidade de assinatura de um acordo.
"Vocês sabem bem que o sucesso, ou não, não depende de mim", disse Kurti aos jornalistas.
Na Sérvia, Vucic afirma que seu governo está sob intensa pressão para chegar a um acordo, embora seus rivais não queiram que ele ceda.
Grande parte da população sérvia considera Kosovo como parte de seu território.
Na capital sérvia, Belgrado, milhares de pessoas foram às ruas ontem (17) para expressar sua rejeição a um acordo com Kosovo.
"Este ultimato (...) não é um acordo, é traição", criticou o o líder do grupo ultranacionalista Guardiões do Juramento, Milica Djurdjevic Stamenkovski.
Kosovo é o lar de cerca de 120.000 sérvios. Muitos deles permanecem leais a Belgrado, especialmente nas áreas do norte, perto da fronteira, onde há frequentes distúrbios, manifestações e surtos ocasionais de violência.
* AFP