Socorristas, com a ajuda de escavadeiras e cães farejadores, seguem trabalhando, nesta quarta-feira (8), em busca de sobreviventes em meio aos escombros do terremoto que matou milhares de pessoas na Turquia e na Síria.
— É tarde demais. Agora, esperamos por nossos mortos — afirma uma das sobreviventes, à espera de notícias de sua tia.
Ebru Firat, 23 anos, sabe que, a essa altura, há cada vez menos chances de encontrar pessoas com vida após o terremoto ocorrido na segunda-feira (6). Como acontece com as milhares de pessoas que esperam por notícias em frente às ruínas, a dor às vezes se mistura à raiva.
— Já se passaram 36 horas desde o terremoto, tudo acontece tão devagar. Eu quero ter esperança, mas... — lamenta a jovem.
Os familiares dos desaparecidos, às vezes acompanhados por policiais, foram os primeiros a vasculhar os escombros, até com as próprias mãos. Os primeiros socorristas começaram a chegar nas áreas devastadas ao longo da segunda-feira, mas as buscas se intensificaram somente a partir da terça-feira (7).
— As pessoas estavam indignadas esta manhã. A polícia chegou e nos obrigou a ficarmos quietos — relata Celal Deniz, 61 anos, que ainda espera notícias sobre seu irmão e seus sobrinhos.
No frio congelante, que também dificulta as buscas, Deniz, seus parentes e outros vizinhos tentam se aquecer em volta de uma fogueira na rua, já que muitos dos sobreviventes perderam suas casas em razão do terremoto.
— Eles não sabem o que o povo está vivendo. Onde estão nossos impostos arrecadados desde o terremoto de 1999? — questiona Celal Deniz, lembrando o terremoto daquele ano, que devastou áreas densamente povoadas e industrializadas do noroeste do país.
Taxa terremoto
Depois do terremoto de 1999, que deixou pelo menos 17,4 mil mortos, foi instituído um imposto especial chamado "taxa terremoto". O dinheiro arrecadado desde então — calculado em 88 bilhões de libras turcas, ou cerca de US$ 4,6 bilhões — deveria ser investido na prevenção de catástrofes e no desenvolvimento de serviços de resgate.
— Fomos ajudar lugares que, a princípio, deveriam ser assistidos, mas ninguém apareceu — destaca Ceren Soylu, membro de um grupo de voluntários criado para ajudar as vítimas.