O número de migrantes de Honduras, El Salvador e Guatemala interceptados na fronteira caiu 71% desde agosto de 2021, afirmou uma funcionária do governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira (6), no momento em que o governo anunciou investimentos de mais 950 milhões de dólares para conter a migração.
"Esta tendência nos anima, sabemos que não é estática, mas podemos confirmar uma queda de 71% desde agosto" de 2021 e nos últimos oito meses houve uma diminuição "mês a mês", afirmou a funcionária que pediu anonimato em entrevista por telefone.
Em julho daquele ano, a vice-presidente Kamala Harris lançou uma estratégia para lutar contra as causas das migração na América Central, de onde vinha a maioria dos migrantes. Desde então, este número diminuiu, embora tenham aumentado os migrantes vindos da Venezuela, Nicarágua, Cuba e Haiti.
Para estes, o presidente Joe Biden firmou um acordo com o México que permitirá a entrada de 30 mil migrantes por mês, desde que a solicitação seja feita do país onde estiverem, possuam um patrocinador nos Estados Unidos e cheguem de avião.
Por enquanto, os Estados Unidos impedem a entrada da maioria dos migrantes que não possuem a documentação necessária.
Segundo dados oficiais, 91.925 migrantes de Honduras, El Salvador e Guatemala foram interceptados em agosto de 2021, e 35.995 em setembro de 2022, o mais recente mês com dados disponíveis que não incluem mexicanos.
A funcionária atribui a diminuição das chegadas da América Central à retomada dos programas humanitários, ao aumento dos vistos de trabalhadores temporários, à "excelente cooperação de deportação" com esses países e à luta contra as redes de tráfico de pessoas".
Biden decidiu combater as ondas de migrantes abordando suas "causas fundamentais", uma tarefa que atribuiu à sua vice para fomentar uma política diversa da linha dura de seu antecessor, o republicano Donald Trump.
"O Congresso precisar consertar nosso sistema de migração falido" e "proporcionar fundos necessários para a segurança na fronteira", insistiu nesta segunda-feira Harris ao abrir uma mesa redonda com a Aliança para a América Central, que reúne líderes do setor público e privado.
A estratégia do governo baseia-se em três princípios: a população não migra se não for obrigada, é preciso colaborar com outros governos e com o setor privado e, sobretudo, é preciso "promover a boa governança, reduzir a violência e empoderar as mulheres", insistiu a vice-presidente.
- US$ 4,2 bilhões -
A migração é uma das questões que preocupam os americanos e tornou-se o carro-chefe das críticas do Partido Republicano, que acusa Biden de ter perdido o "controle efetivo" da fronteira com o México.
Nesta segunda-feira, Harris anunciou novos compromissos de investimento do setor privado na América Central no valor de 950 milhões de dólares, elevando o total para 4,2 bilhões de dólares desde maio de 2021, quando lançou um plano para que as empresas se envolvam no combate à migração.
Estes investimentos "criam empregos, conectam as pessoas à economia digital, ampliam o acesso a financiamento para pequenas empresas, oferecem capacitação e educação para jovens e tralhadores e melhoram a subsistência econômica das pessoas na região", afirma o comunicado de Harris.
De acordo com a vice-presidente, "até agora mais de 1 milhão de pessoas conseguiram ingressar na economia financeira formal, incluindo 65 mil que agora têm contas bancárias".
Harris também anunciou o lançamento de uma nova fase da parceria público-privada.
Nesta etapa, Washington apoiará investimentos, por exemplo, identificando projetos de energia limpa ou com assistência técnica, ajudará a financiar iniciativas e apoiará programas que capacitam jovens.
* AFP