O Congresso de El Salvador aprovou na terça-feira uma prorrogação de 30 dias do regime de exceção para o combate às gangues por parte do governo do presidente Nayib Bukele, que já provocou a detenção de mais de 64.000 supostos integrantes dos grupos criminosos.
"Está aprovada a prorrogação do regime de exceção pelo 11º mês consecutivo", afirma o decreto apoiado por 67 dos 84 deputados do Congresso unicameral, controlado pelo partido governista, a pedido da administração Bukele.
"O país já mudou, não vamos dar um passo atrás, e é pelos bons resultados que estão sendo registrados nas ruas, de onde vamos tirar todos os bandidos", disse o presidente do Congresso, Ernesto Castro.
Os números oficiais indicam que a "guerra contra as gangues" levou à detenção de 64.111 supostos criminosos.
O ministro da Justiça e Segurança, Gustavo Villatoro, declarou à imprensa que entre os detidos sob o regime de exceção, 3.745 pessoas foram "liberadas", depois que nenhum crime foi comprovado.
A deputada esquerdista Marleni Funes, da opositora Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), disse que "o Estado deve indenizar os danos causados às pessoas inocentes" que foram libertadas.
O regime de exceção, que permite detenções sem ordem judicial, foi instaurado como resposta ao aumento dos homicídios, com 87 mortes registradas de 25 a 27 de março de 2022.
A medida, que foi prorrogada até 17 de março, é questionada por organizações humanitárias, incluindo a Human Rights Watch (HRW) por violar os direitos das pessoas.
Recentemente, o governo inaugurou no sudeste do país, perto da localidade de Tecoluca, uma penitenciária com capacidade para 40.000 detentos e que foi denominada "Centro de Confinamento do Terrorismo" (CECOT).
Villatoro afirmou em janeiro que El Salvador registrou em 2022 uma taxa de homicídios de 7,8 para cada 100.000 habitantes, a menor desde o início do governo Bukele, que tomou posse em junho de 2019.
* AFP