Ruanda já não pode acolher refugiados provenientes da República Democrática do Congo, cuja região leste é afetada por atos de violência de grupos armados, declarou o presidente ruandês, Paul Kagame, nesta segunda-feira (9), o último episódio das tensões entre os dois países.
No leste da RD do Congo, região instável e rica em recursos minerais, os combates entre forças governamentais e rebeldes do M23, antiga rebelião tútsi, exacerbaram as tensões com a vizinha Ruanda, país do qual Kinshasa acusa de proteger essa milicia, o que o governo ruandês nega.
A violência fez com que muitos congoleses migrassem para os países vizinhos, entre eles Ruanda.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), Ruanda contava com 72.000 refugiados congoleses em novembro de 2022.
"Não podemos continuar recebendo refugiados" provenientes da RD do Congo, declarou Paul Kagame no Senado.
O presidente acrescentou que "não é o problema de Ruanda. E atuaremos para que todo o mundo se dê conta de que não é o problema de Ruanda".
"Rejeito que Ruanda suporte esta carga", acrescentou o presidente.
Em um relatório publicado em dezembro, especialistas enviados pelas Nações Unidas afirmam que conseguiram "provas importantes" que mostram "a intervenção direta das Forças de Defesa Ruandesas [RDF, na sigla em inglês] no território da RD do Congo", ao menos entre novembro de 2021 e outubro de 2022.
A União Europeia, por sua vez, pediu a Ruanda "o fim do apoio ao M23".
* AFP