A inesperada renúncia de Jacinda Ardern deflagrou, nesta sexta-feira (20), uma corrida para escolher o novo primeiro-ministro da Nova Zelândia, com o surgimento de um pequeno grupo de aspirantes ao cargo, incluindo uma ministra maori.
Ardern surpreendeu na quinta-feira (19), ao anunciar sua saída abrupta do cargo, menos de três anos depois de vencer um segundo mandato em uma vitória eleitoral retumbante.
A governante, de 42 anos, que liderou o país durante catástrofes naturais, a pandemia da covid-19 e o pior ataque terrorista de sua história, disse não ter "energia" para continuar.
A premiê renunciou sem deixar um sucessor claro, e seu Partido Trabalhista agora corre para buscar um substituto. Os membros trabalhistas do Parlamento tentarão escolher um sucessor no domingo.
O vencedor deve obter dois terços dos votos entre os legisladores do partido. Se não conseguirem, haverá um processo seletivo com a participação das bases do partido e dos sindicatos filiados.
Chris Hipkins, de 44 anos, é o principal favorito, depois que o vice-primeiro-ministro Grant Robertson descartou se apresentar à disputa. Hipkins esteve à frente das pastas responsáveis pela resposta à covid-19, polícia e educação.
Outros nomes na corrida são a ministra da Justiça, Kiri Allan, de origem maori, e o ministro da Migração, Michael Wood.
Nenhum dos três confirmou se pretende concorrer.
- Premiê Maori? -
Allan, uma ex-advogada empresarial, entrou no Parlamento em 2017 e foi rapidamente vista como uma futura líder e, possivelmente, a primeira mulher maori chefe de governo. Em abril de 2021, teve de tirar uma licença do Parlamento, após ser diagnosticada com câncer cervical em estágio 3. Voltou ao trabalho três meses depois.
Os primeiros colonos maori teriam chegado à Nova Zelândia procedentes da Polinésia há 700 anos. Em torno de 17% da população de cinco milhões de habitantes da Nova Zelândia se identifica como maori, de acordo com o último censo. Espera-se que os 15 legisladores trabalhistas maori tenham peso na escolha do novo líder.
"Obviamente, gostaríamos de ver um dia um primeiro-ministro maori", disse o legislador trabalhista Kelvin Davis.
A legenda Te Pati Maori, também conhecida como Partido Maori, acredita que chegou a hora de um primeiro-ministro de origem maori.
"Qualquer coisa menos do que isso seria um retrocesso para Aotearoa (Nova Zelândia) desde Jacinda Ardern", disseram os líderes do partido, Debbie Ngarewa-Packer e Rawiri Waititi, em um comunicado.
Michael Wood é, por enquanto, o terceiro nome a circular na disputa. O ministro, de 42 anos, foi o encarregado de aumentar o salário mínimo do país e tem amplo apoio do movimento sindical.
Enquanto isso, Ardern disse nesta sexta-feira que sua decisão de renunciar foi "tingida de tristeza", mas que, depois de anunciá-la, dormiu bem "pela primeira vez em muito tempo".
* AFP