O republicano Kevin McCarthy conseguiu, nesta sexta-feira (6), convencer apoiadores de Donald Trump a votarem a favor de sua candidatura à presidência da Câmara de Representantes dos Estados Unidos. Esse novo respaldo, no entanto, não foi suficiente para garantir sua eleição.
O Congresso americano, atacado há exatamente dois anos por apoiadores de Trump, está paralisado por causa da rebelião de congressistas republicanos muito conservadores alinhados ao ex-presidente.
McCarthy, favorito para substituir a democrata Nancy Pelosi no cargo de presidente da Câmara, afirmou ter progredido com sua candidatura pela primeira vez em quatro dias de negociações e após 13 sessões de votação.
"Surpreender"
— Vamos surpreendê-los — havia dito McCarthy a repórteres na manhã de terça-feira (3), quando questionado sobre a viabilidade de sua candidatura.
Agora, o congressista precisa correr atrás do apoio de republicanos que prometeram nunca votar nele.
Terceiro posto mais importante da política americana depois do presidente e do vice-presidente, o "speaker" da Câmara de Representantes precisa de 218 votos para ser eleito. Atualmente, McCarthy tem 213.
Para poder impor condições, o grupo de congressistas trumpistas aproveita-se da estreita maioria republicana na Câmara conquistada nas eleições de meio de mandato de novembro.
Sem um presidente, a Câmara dos Representantes não pode empossar seus membros, decidir os integrantes das várias comissões ou apresentar projetos de lei.
Os 434 membros da Câmara continuarão votando até que um presidente seja escolhido. Isso pode levar horas, dias ou semanas. Em 1856, um acordo foi alcançado após dois meses e 133 votações.
Debates acalorados
A irritação era palpável entre os membros do Grand Old Party, como é chamado o Partido Republicano, que apoiam esmagadoramente a candidatura de McCarthy, levando a debates acalorados no plenário. Muitos deixaram o recinto em protesto contra o discurso de Matt Gaetz, um dos representantes eleitos que lideram a rebelião.
Enquanto isso, os democratas mostram unidade em torno do nome do líder do partido na Câmara, Hakeem Jeffries, que carece de votos suficientes para ser eleito "speaker".
Os democratas também denunciaram nesta sexta-feira (6) o domínio dos trumpistas — muitos dos quais ainda se recusam a admitir a derrota nas eleições presidenciais de 2020 — sobre o Partido Republicano, dois anos depois de os apoiadores do magnata invadirem a sede do Congresso, um incidente que resultou na morte de cinco pessoas.
— O caos na Câmara de Representantes é apenas mais um exemplo de como uma minoria extremista pode impedir de governar — declarou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.
O aniversário do ataque ao Capitólio "deve servir como um sinal para o trumpismo, que sofre fracasso atrás de fracasso", acrescentou Schumer em comunicado.