O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, se reúne nesta quarta-feira (21), na Casa Branca, com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na primeira viagem internacional dele desde o início da invasão russa em fevereiro.
A visita ratifica que Washington apoiará Kiev "pelo tempo necessário", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, no comunicado oficial que anuncia o encontro. A Casa Branca informou que Zelensky se reunirá com Biden e depois fará discurso em sessão conjunta do Congresso americano.
"A caminho dos Estados Unidos para fortalecer a resiliência e as capacidades de defesa", tuitou Zelensky, que também confirmou o discurso para senadores e representantes no Congresso dos Estados Unidos.
Durante a viagem, que coincide com os 300 dias de conflito, deve ser anunciada uma nova ajuda "significativa" de Washington a Kiev, que incluirá um sistema antiaéreo Patriot.
Também nesta quarta-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, terá uma reunião com os militares em Moscou, depois de admitir uma situação "extremamente difícil" nas quatro regiões ucranianas que o Kremlin afirma ter anexado.
No encontro por videoconferência, com participação de quase 15 mil oficiais, Putin deve apresentar as conclusões do ano e definir os objetivos do exército para 2023, segundo o Kremlin. O ministro da Defesa, Serguei Shoigu, anunciará os "progressos da operação militar especial" na Ucrânia.
Poucas horas
Em 1º de setembro de 2021, Zelensky foi recebido no Salão Oval por Biden, que na ocasião prometeu apoiar a ex-república soviética diante da ameaça da Rússia. O cenário será o mesmo nesta quarta-feira, mas o ambiente é muito diferente: será o primeiro encontro presencial do ucraniano desde a invasão da Rússia, que transformou Zelensky no líder de um país em guerra e Biden no comandante da resposta ocidental contra Moscou.
Durante a visita, marcada por medidas de máxima segurança e que deve ter duração de poucas horas, o chefe de Estado ucraniano se reunirá com Biden e a sua equipe na Casa Branca e concederá uma entrevista coletiva, informou uma fonte do governo americano.
A mesma fonte, que pediu anonimato, disse que Washington anunciará um novo pacote de ajuda de "quase US$ 2 bilhões à Ucrânia", que incluirá um sistema de mísseis terra-ar Patriot.
Kiev pede há vários meses este tipo de tecnologia para conter a ofensiva das tropas russas que, após várias derrotas na frente de batalha, mudaram a estratégia para bombardeios contra instalações militares e do sistema de energia do país.
A estratégia, classificada como algo "bárbaro" pela fonte da Casa Branca, deixou milhões de ucranianos sem água, luz ou calefação no início de um inverno rigoroso. A fonte disse ainda que será necessário treinar as tropas ucranianas para usar o armamento sofisticado, o que acontecerá em um "terceiro país e levará algum tempo".
Novo pacote
Depois da Casa Branca, o presidente ucraniano discursará em uma sessão conjunta do Congresso americano, que inclui a Câmara de Representantes e o Senado. Os parlamentares americanos se preparam para votar um novo pacote de ajuda à Ucrânia, de quase US$ 45 bilhões.
A visita acontece pouco antes de a Câmara dos Representantes passar ao controle da oposição republicana, o que provoca dúvidas sobre o futuro do apoio americano à Ucrânia. A fonte do governo indicou que os dois chefes de Estado falaram sobre a visita em uma conversa por telefone em 11 de dezembro e que a viagem foi confirmada no domingo passado.
Em uma visita à cidade de Bakhmut, leste da Ucrânia e ponto crucial da frente de batalha, Zelensky já havia insinuado a viagem ao receber uma bandeira do país assinada pelos soldados de Kiev. "Vamos entregá-la ao Congresso dos Estados Unidos, ao presidente dos Estados Unidos. Agradecemos seu apoio, mas não é o suficiente", declarou na cidade devastada pelos combates.
O governo estadunidense, o maior doador para a Ucrânia, forneceu, de acordo com várias estimativas, quase US$ 50 bilhões de ajuda ao país, sendo US$ 20 bilhões em armamento e assistência militar.
Rússia faz alerta sobre ajuda
Diante da expectativa de anúncio de um novo pacote de apoio americano, a Rússia advertiu que novas entregas de armas à Ucrânia agravarão o conflito. "Tudo isto certamente leva a um agravamento do conflito e não é um bom presságio para a Ucrânia", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, antes de acrescentar que Moscou não espera que Zelensky mude sua posição sobre a recusa a negociar com o presidente russo, Vladimir Putin, após a visita.