Burkina Faso classificou, nesta sexta-feira (16), de "muito graves" as declarações recentes do presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, que afirmou que o poder burquinense havia chegado a um "acordo" com o grupo paramilitar russo Wagner.
"Ouvimos o embaixador de Gana e fizemos com que soubesse da posição do governo, que considera muito graves as declarações" do presidente ganês, declarou o ministro de Cooperação Regional de Burkina Faso, Karamoko Jean Marie Traoré.
O ministro afirmou que as acusações caíram mal e que, por esse motivo, foi feito um protesto a Gana.
Na quarta-feira, durante uma reunião nos Estados Unidos com o secretário de Estado americano Antony Blinken, o presidente ganês afirmou que Burkina Faso havia "fechado um acordo" para utilizar as forças do grupo Wagner, "assim como o Mali".
"Acho que [o poder burquinense] concedeu [ao grupo Wagner] uma mina no sul de Burkina Faso como pagamento por seus serviços", disse Akufo-Addo durante o encontro com Blinken.
Em muitos países francófonos da África, a Rússia vem tentando influenciar a opinião pública através dos meios de comunicação, e goza de uma popularidade crescente, enquanto a França, a antiga metrópole colonial, é bastante criticada.
Muitos países acusam a junta militar que comanda o Mali de recorrer aos serviços do grupo Wagner, uma empresa considerada próxima do Kremlin, o que Bamaco nega.
O fortalecimento das relações com a Rússia esteve presente na agenda de Burkina Faso desde o golpe de Estado de 30 de setembro.
Esse golpe, o segundo em oito anos, levou o capitão Ibrahim Traoré ao poder, no momento em que o país tenta fazer frente aos ataques frequentes de jihadistas, que aterrorizam o país desde 2015.
* AFP