Milhares de pessoas se manifestaram nesta segunda-feira (10) na capital haitiana contra o governo e seu pedido de ajuda internacional para enfrentar a grave crise humanitária, a insegurança e o surto de cólera que a ilha enfrenta.
Um dia depois que o secretário-geral da ONU pediu o envio de uma força armada internacional para ajudar o país, o protesto viu cenas de violência e saques, aos quais a polícia respondeu com gás lacrimogêneo, observou um correspondente da AFP.
Várias pessoas foram baleadas e uma morreu, segundo o mesmo correspondente.
Os organizadores acusaram a polícia pela morte. "Esta jovem não representava nenhuma ameaça. Ela foi morta expressando seu desejo de viver com dignidade", denunciou um manifestante de 40 anos que pediu anonimato.
"Os Estados Unidos e o Canadá estão interferindo nos assuntos internos do Haiti", denunciou outro manifestante.
"É verdade que precisamos de ajuda para desenvolver o nosso país. Mas não precisamos de botas" no terreno, disse, referindo-se ao envio de tropas.
"Além disso, este governo não tem legitimidade para pedir ajuda militar. Somos contra esta opção", acrescentou.
O Haiti tem sido palco de manifestações violentas e saques por várias semanas, após o anúncio do aumento do preço dos combustíveis pelo primeiro-ministro Ariel Henry.
Na sexta-feira, o governo pediu formalmente à comunidade internacional a ajuda de uma "força armada especializada" para "deter, em todo o território, a crise humanitária" causada pelas ações das quadrilhas que abundam no país.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu no domingo "à comunidade internacional (...) que examine com urgência" o pedido.
* AFP