Um âncora de notícias paquistanês, Arshad Sharif, foi morto no Quênia, anunciou sua esposa nesta segunda-feira (24), meses depois que ele fugiu de seu país para evitar a prisão por acusações de sedição.
Arshad Sharif era um jornalista crítico dos poderosos militares de seu país e um conhecido defensor do ex-primeiro-ministro Imran Khan, expulso do Parlamento em abril passado por uma moção de censura.
"Hoje perdi um amigo, um marido e meu jornalista favorito, porque, segundo a polícia, ele foi baleado no Quênia", tuitou sua esposa, Javeria Siddique, nesta segunda-feira.
Em agosto, Sharif entrevistou um veterano político da oposição paquistanesa, Shahbaz Gill, que disse que os oficiais subalternos do exército não deveriam receber ordens que fossem "contra a vontade da maioria".
Após essa declaração, o canal de notícias ARY ficou brevemente fora do ar e as autoridades emitiram um mandado de prisão para Sharif, que fugiu do país.
Mais tarde, o canal alegou que havia "rompido laços" com o jornalista.
Gill foi preso depois da entrevista. O próprio Khan criticou a detenção e por isso teve que comparecer perante a Justiça.
"O apresentador do ARY, Arshad Sharif, tornou-se um mártir depois de ser baleado no Quênia (...). A polícia local está investigando", tuitou a TV ARY nesta segunda-feira.
O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão confirmou o incidente.
O Paquistão ocupa o 157º lugar de 180 no índice de Repórteres Sem Fronteiras (RSF) sobre liberdade de expressão e seus jornalistas enfrentam censura e ameaças da classe dominante.
* AFP