O anúncio do rompimento das relações diplomáticas do Quênia com a autoproclamada República Árabe Saharaui Democrática (RASD) causou confusão nesta quarta-feira (14), logo após o novo presidente queniano apagar o tuíte em que fez o anúncio.
O novo presidente queniano, William Ruto, disse nesta quarta-feira no Twitter, após se reunir com o ministro das Relações Exteriores de Marrocos, Nasser Bourita, que "o Quênia anula o reconhecimento da RASD e toma medidas para reduzir a presença desta entidade no país".
No entanto, acabou apagando o tuíte horas depois sem dar explicações, o que provocou dúvidas sobre o rompimento.
O anúncio do rompimento ocorreu apenas 24 horas após a cerimônia de posse de Ruto, que contou com a presença do chefe da Frente Polisário do movimento de independência saharaui, Brahim Ghali, em Nairóbi.
A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, quer um Estado independente no Saara Ocidental, uma vasta extensão desértica que Marrocos considera parte do seu território.
Bourita repassou uma mensagem de felicitações do rei de Marrocos, Mohammed VI, segundo Ruto, acrescentando que ambos os países concordaram em melhorar as suas relações "nos setores do comércio, agricultura, saúde, turismo e energia, entre outros".
"O Quênia apoia a estrutura das Nações Unidas como mecanismo exclusivo para alcançar uma solução duradoura para a disputa", disse o presidente Ruto.
Ex-colônia espanhola, o Saara Ocidental está localizado no extremo oeste do deserto de mesmo nome, que se estende ao longo da costa atlântica.
Marrocos ocupou o Saara Ocidental após a retirada da Espanha em 1975 e o proclamou como parte de seu território.
A Frente Polisário, que proclamou a RASD em 1976, continua exigindo a realização de um referendo previsto pela ONU desde a assinatura do cessar-fogo entre os beligerantes em 1991.
Desde então, 84 Estados membros das Nações Unidas reconheceram a RASD.
Marrocos rejeita qualquer votação que proponha a independência como opção, argumentando que, por razões de segurança regional, só está em discussão a questão da autonomia.
A ONU, que considera o Saara Ocidental um "território não autônomo", uma vez que não existe um acordo final, enviou uma missão de paz.
A União Africana reconhece a República Árabe Saharaui Democrática como um dos seus membros.
* AFP