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Polícia argentina prende mais uma suspeita de envolvimento no ataque contra Cristina Kirchner

Mulher detida mantinha conversas com Brenda Uliarte, namorada do brasileiro Fernando Sabag Montiel, ambos já acusados pelo crime

Estadão Conteúdo

Redação, O Estado de S. Paulo

Uma terceira pessoa foi presa nesta terça-feira (13) por suspeitas de envolvimento na tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no dia 1º de setembro.

A mulher detida mantinha conversas com Brenda Uliarte, namorada do brasileiro Fernando Sabag Montiel, ambos já acusados pelo crime. A identidade desta suspeita presa agora ainda não foi revelada, mas ela foi detida na noite dessa segunda-feira (12), em uma operação policial no bairro de San Miguel, em Buenos Aires, o mesmo onde Sabag Montiel vivia.

Segundo o jornal La Nación, a mulher não faz parte da "gangue do algodão doce", grupo de amigos do casal cujas atividades estariam na mira dos investigadores. Mensagens extraídas do celular de Brenda levantaram a suspeita dos investigadores de que o grupo já teria tentado assassinar a vice-presidente em ao menos outras duas ocasiões.

O atentado contra Cristina Kirchner

A polícia argentina descobriu que o acusado de tentar atirar contra Kirchner planejou um outro atentado contra ela no dia 27 de agosto. Essa tentativa teria sido descoberta durante a perícia do conteúdo do celular de Brenda, com as provas anexadas ao processo nessa segunda. A juíza responsável pelo caso, María Eugenia Capuchetti, ordenou segredo de Justiça sobre o processo.

De acordo com fontes ouvidas pelo jornal Clarín, o plano é revelado nas mensagens trocadas pelos dois acusados na semana anterior ao atentado, realizado no dia 1º deste mês. Os dois falam sobre a "presença de câmeras C5N", trocam detalhes de horários e do movimento de pessoas e militantes na residência de Cristina.

"Ela (a vice-presidente) já subiu, acho que ela não vai sair nesse momento então ela já foi, saiu, eu vou lá, fica lá. Não traga nada", disse Sabag Montiel a Brenda em uma das mensagens.

Nas mensagens do mesmo dia, Sabag Montiel disse que esteve muito próximo do governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, no dia em que o governo instalou cercas de proteção do lado de fora da residência de Cristina para conter as manifestações pró e contra ela, que ganharam força após o Ministério Público pedir que ela fosse condenada a prisão.

"Toquei nas costas de Axel Kicillof e ele entrou no carro Toyota Ethios", escreveu.

É justamente por causa dessa troca de detalhes dos movimentos no local e da vice-presidente que os investigadores afirmam que "houve um ataque planejado que não foi realizado e foi por volta de 27 de agosto", diz o Clarín.

A Justiça argentina já havia afirmado que o atentado do dia 1º foi produto de um "planejamento e acordo prévio" entre o brasileiro Fernando Sabag Montiel e Brenda Uliarte. Os dois foram acusados formalmente no dia 8. Segundo as evidências apontadas na acusação, a dupla estudou o local do ataque antes.

Montiel apontou uma arma a menos de um metro da cabeça de Kirchner quando ela estava cercada por simpatizantes que a aguardavam do lado de fora de sua residência para expressar apoio, após um pedido de 12 anos de prisão e perda dos direitos a exercer cargos públicos feito pelo Ministério Público em um julgamento por suposta corrupção.

Sabag Montiel e a namorada estão presos e foram interrogados pela juíza no dia 6. Segundo a imprensa local, o brasileiro teria se recusado a falar e declarou apenas que a namorada não estaria envolvida no ataque.

A jovem, por sua vez, negou ter participado do atentado e afirmou que só estava "acompanhando" o namorado na ocasião. Câmeras de segurança próximas ao local do ataque flagraram a presença de Brenda no momento da ação.

Cristina Kirchner, de 69 anos, escapou ilesa da tentativa de ataque. A arma de fogo, apesar de ter sido acionada duas vezes, não disparou. O atentado frustrado aconteceu quando a vice-presidente cumprimentava um grupo de apoiadores na porta da casa dela, em Buenos Aires.

Presidente argentino diz que o próximo seria ele

O presidente Alberto Fernández afirmou em uma entrevista à emissora Telecinco que ele seria o próximo a sofrer um atentado por parte de Sabag Montiel e Brenda. Segundo Fernández, é o que dizem as mensagens interceptadas pela polícia.

Ele também denunciou um ataque a um monumento dedicado ao ex-presidente e marido de Cristina Kirchner, Néstor Kirchner, falecido em 2010.

"Menos de duas semanas após o ataque à Cristina, foi assim que o monumento a Néstor Kirchner localizado na Rota 7 amanheceu hoje. Vamos banir o ódio na Argentina. Com a força da democracia e a coragem das convicções, dizemos nunca mais à violência em nossa pátria", escreveu o chefe de Estado em sua conta no Twitter, na qual postou várias fotos da escultura danificada.


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