Milhares de pessoas passaram de modo incessante e com paciência, durante a madrugada desta quinta-feira (15), em Londres, diante do caixão de Elizabeth II, a única rainha que muitos conheceram no Reino Unido e uma figura que gozou do raro privilégio do afeto quase unânime em seu país.
— Devemos à rainha ter estado aqui por todas as nossas vidas — disse Andrew Clyde, 53 anos, um norte-irlandês que viajou de Belfast até Londres para visitar a capela da monarca, que ficará aberta ao público até a madrugada de segunda-feira, 19 de setembro.
Elizabeth II faleceu na quinta-feira da semana passada, 8 de setembro, aos 96 anos, após sete décadas de reinado. O caixão com o corpo da monarca foi levado para Westminster Hall, a área mais antiga do parlamento, uma sala majestosa do século XI que é o berço institucional do Reino Unido.
Os súditos aguardaram em uma fila de vários quilômetros por horas, apenas com o que era possível levar de comida e água em uma pequena bolsa, em função dos controles de segurança rígidos na entrada.
— É o mínimo que podemos fazer — declarou Adam Armendáriz, diretor de vendas de uma empresa em Londres, ao lado de vários colegas.
A meteorologia deve ajudar, com a previsão de tempo ensolarado para os próximos dias. Carmen Martínez, uma advogada colombiana casada com um britânico e grávida de sete meses do primeiro filho, afirmou que se sentia bem ao participar na manifestação de luto.
— Ela representa tudo para o país. É como a avó de todos — disse.
Até 30 horas de espera
Durante os próximos cinco dias, centenas de milhares de britânicos e estrangeiros, número que pode chegar a 750 mil segundo a imprensa, passarão pelo local, que permanecerá aberto até a madrugada de 19 de setembro, dia em que acontecerão o funeral de Estado na Abadia de Westminster e o sepultamento na capela George VI do Castelo de Windsor.
O governo alertou que a espera pode chegar a 30 horas em uma fila de até 10 quilômetros, que atravessa o centro da cidade ao logo do rio Tâmisa.
"Levem isto em consideração antes de decidir comparecer ou trazer crianças", alertou Downing Street.
Mais de cem chefes de Estado e de Governo e outras personalidades devem comparecer ao "funeral do século", como o presidente americano, Joe Biden, o brasileiro Jair Bolsonaro, o rei da Espanha, Felipe VI, e o imperador do Japão, Naruhito.
O enterro da soberana que conheceu 15 primeiros-ministros — o primeiro, Winston Churchill, nascido em 1874, e a atual, Liz Truss, nascida em 1975 — acontecerá no mesmo dia no Castelo de Windsor em uma cerimônia privada.