O julgamento de apelação do bilionário israelense Beny Steinmetz, condenado por corrupção na primeira instância em um caso de direitos de mineração na Guiné, começou nesta segunda-feira (29) em Genebra.
Steinmetz, que responde ao processo em liberdade, compareceu hoje para impugnar sua condenação ditada em janeiro de 2021 pelo tribunal penal de Genebra.
Na época, foi condenado a cinco anos de prisão e a uma indenização de 50 milhões de francos suíços (52 milhões de dólares) por "corrupção de funcionários públicos" na Guiné.
Desde então, Steinmetz, de 66 anos, que sempre disse ser inocente no primeiro julgamento, reorganizou sua equipe jurídica.
"Esperamos que o tribunal reconheça que Beny Steinmetz não subornou ninguém", disse à AFP seu advogado Daniel Kinzer, antes do início do julgamento.
O primeiro processo foi a conclusão de uma longa investigação internacional iniciada em 2013 sobre as licenças de mineração concedidas na Guiné ao Beny Steinmetz Group Resources (BSGR), um grupo de empresas nas quais Steinmetz tinha o título de assessor.
Segundo o bilionário e seus advogados, o BSGR obteve legalmente os direitos de mineração.
Contudo, o Ministério Público da Suíça o acusa de ter estabelecido um acordo financeiro, através de empresas fictícias, para pagar cerca de US$ 10 milhões em propina a Mamadie Touré - a quarta esposa do ex-presidente da Guiné, Lansana Conté - para que o BSGR obtivesse os direitos de mineração na Guiné.
Steinmetz chegou a ser processado pela mineradora Vale, que adquiriu 51% do BSGR, na Câmara Nacional de Arbitragem de Londres.
A empresa brasileira exigia uma indenização bilionária dele e de outras cinco pessoas ligadas ao grupo, acusados de conseguir contratos em uma mina na Guiné mediante pagamento de propina.
Um ano depois de a Vale adquirir 51% do grupo, o presidente eleito da Guiné, Alpha Condé, revisou todas as concessões de exploração de minérios de governos anteriores, encontrando indícios de suborno na concessão a Steinmetz, o que levou à cassação da concessão da mina.
Em fevereiro deste ano, no entanto, a Vale desistiu da ação contra o bilionário israelense, depois que sua defesa indicou que havia elementos no depoimento de duas testemunhas apresentadas pela Vale que colocavam em xeque a argumentação da mineradora, que alegava não saber que o empresário tinha conseguido a concessão da mina através de corrupção.
* AFP