O presidente do Uzbequistão, um país autoritário da Ásia Central, disse neste domingo que os recentes protestos contra o governo na república autônoma do Caracalpaquistão (noroeste) causaram "vítimas".
"Infelizmente, há baixas entre civis e policiais", reconheceu Chavkat Mirzioev, citado por seu serviço de imprensa, durante um discurso em Caracalpaquistão.
Ele não especificou o número de vítimas, nem indicou se estavam mortos ou feridos.
Esta é a crise interna mais grave enfrentada pelo presidente uzbeque desde que chegou ao poder em 2016.
Dois moradores de Nukus, capital do Caracalpaquistão, disseram à AFP que um pequeno grupo que tentava protestar na noite de sábado, pela segunda noite consecutiva, foi disperso pela polícia.
De acordo com essas testemunhas, que pediram anonimato, a polícia parece ter usado gás lacrimogêneo e granadas de fumaça.
O Uzbequistão, país onde a oposição é violentamente reprimida, declarou no sábado estado de emergência por um mês no Caracalpaquistão, abalado no dia anterior por uma rara manifestação antigovernamental que levou o presidente Chavkat Mirzioev a abandonar um plano de emenda constitucional.
Essa emenda teria reduzido o grau de autonomia da república de 2 milhões de pessoas, uma das mais pobres do país.
O estado de emergência entrou em vigor na mesma noite à meia-noite e deve durar até 2 de agosto.
Nukus parecia calma esta manhã e era patrulhada pela polícia, disseram testemunhas à AFP.
Mirzioev chegou ao poder em 2016 com a morte de seu antecessor, o implacável Islam Karimov, e realizou grandes reformas econômicas e sociais.
Reeleito no ano passado, ele agora é acusado de tomar um novo rumo autoritário no país.
Com a revisão da proposta constitucional, o mandato presidencial passaria de cinco para sete anos, em favor do atual chefe de Estado.
Em 2005, centenas de civis uzbeques foram mortos na cidade de Andijan (leste), durante a repressão de um movimento de protesto.
* AFP