As autoridades do Kuwait, que está no meio de uma crise política, retiraram nesta quarta-feira (22) as licenças de 90 veículos de comunicação e tomaram medidas legais contra outros 73.
"Nas últimas duas semanas, 90 sites de notícias online tiveram suas licenças retiradas e 73 veículos de comunicação foram encaminhados à Procuradoria do Estado devido a violações da lei", afirmou o Ministério da Informação.
A medida visa "controlar a prática da mídia online" e evitar o "caos midiático", justificou em um comunicado divulgado pelo Twitter.
O anúncio ocorre no mesmo dia em que o Executivo decidiu dissolver o Parlamento, com o qual vive em disputa há vários anos e onde os deputados atacam regularmente os ministros.
As autoridades acusam esses meios de "divulgar notícias falsas", contou um funcionário à AFP sob condição de anonimato.
A acusação é usada regularmente contra veículos e jornalistas críticos em vários países do Oriente Médio, embora o Kuwait goze de relativa liberdade de expressão, especialmente para a região altamente conservadora do Golfo.
Ao todo, o pequeno emirado, um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, tem cerca de 530 veículos de comunicação online autorizados, segundo dados oficiais.
O príncipe herdeiro, o sheik Mishal Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, anunciou hoje a dissolução do Parlamento e a organização das próximas eleições legislativas.
A decisão vem apenas dois meses após a renúncia do governo, enquanto os deputados se preparavam para interrogar o primeiro-ministro Sabah Khalid al-Sabah por corrupção.
O gabinete, o quarto formado em dois anos, renunciou em abril, três meses depois de assumir o poder, mas permanece em exercício.
O Kuwait foi abalado por disputas entre legisladores e sucessivos governos dominados pela família Al-Sabah por mais de uma década, com parlamentos e gabinetes frequentemente dissolvidos.
* AFP