O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, denunciou neste sábado (11) a atividade militar "de provocação e desestabilizadora" da China perto de Taiwan, um dia depois de Pequim afirmar que não hesitará em entrar em guerra se a ilha declarar independência.
"Vemos uma coerção crescente de Pequim. Temos testemunhado um aumento progressivo na atividade militar de provocação e desestabilizadora perto de Taiwan", disse Austin no Diálogo de Shangri-la, um fórum de segurança que acontece em Singapura.
"Isso inclui aeronaves voando perto de Taiwan em números recordes nos últimos meses e quase diariamente", completou.
Ao mesmo tempo, Austin destacou a importância de manter as "linhas de comunicação totalmente abertas com as autoridades de defesa da China" para evitar erros de cálculo.
De acordo com um porta-voz oficial, o ministro da Defesa da China, Wei Fenghe, afirmou na sexta-feira a Austin, à margem do fórum, que "se alguém ousar separar Taiwan da China, os militares chineses não hesitarão em iniciar uma guerra, custe o que custar".
O ministro também disse que Pequim "esmagaria" qualquer tentativa de independência da ilha e defenderia "com determinação a unificação da pátria".
Neste sábado, o ministério das Relações Exteriores de Taiwan chamou de "absurdas" as afirmações da China.
"Os taiwaneses não vão ceder às ameaças de uso da força feitas pelo governo chinês", afirma um comunicado.
As tensões entre Washington e Pequim aumentaram nos últimos meses a respeito de Taiwan, uma ilha com governo democrático e separada de fato da China desde 1949, quando os nacionalistas derrotados pelos comunistas de Mao Tse-tung se refugiaram no local.
Pequim considera esta ilha de 24 milhões de habitantes como uma de suas províncias e reitera com frequência o objetivo de recuperá-la, inclusive pela fora se necessário, em algum momento.
Desde que chegou à Casa Branca, o presidente americano Joe Biden expressa apoio contundente a Taiwan e no mês passado pareceu romper décadas de ambiguidade de Washington ao afirmar que defenderia a ilha militarmente em caso de ataque da China.
"Nós nos opomos categoricamente a qualquer mudança unilateral do status quo por qualquer parte", disse Austin neste sábado. "Nossa política não mudou. Infelizmente, não parece que é o caso da China", acrescentou.
Durante o governo de Xi Jinping, a China aumentou a pressão sobre a ilha e intensificou as incursões de aviões militares perto de Taiwan.
No ano passado, Taiwan registrou 969 incursões de aviões de guerra chineses na zona de defesa aérea, segundo um balanço da AFP, mais que o dobro das 380 realizadas em 2020.
No discurso deste sábado, o chefe do Pentágono também criticou a China por sua "estratégia coercitiva e agressiva em suas reivindicações territoriais".
Pequim reivindica soberania sobre quase todo o Mar da China Meridional, uma área rica em recursos - e por onde transitam trilhões de dólares em mercadorias a cada ano - que é disputada com Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã.
As duas potências também têm divergências sobre a guerra na Ucrânia, na qual Washington acusa Pequim de apoiar tacitamente Moscou.
"A invasão da Rússia é o que acontece quando os opressores pisam nas normas que protegem a todos", disse o chefe do Pentágono.
* AFP