Os ucranianos se animaram neste domingo (15) depois que o seu país, invadido pela Rússia, venceu a final do festival Eurovision, o maior concurso de música ao vivo do mundo, e louvaram a onda de apoio vinda de todos os cantos da Europa.
A vitória da banda Kalush Orchestra na madrugada deste domingo na Itália foi recebida com sorrisos e alívio em Kiev, a capital da Ucrânia, país que vem sofrendo com a guerra desde o fim de fevereiro.
"É um pequeno raio de felicidade. É muito importante para nós", disse Iryna Vorobey, uma empresária de 35 anos, ao acrescentar que o apoio da Europa foi "incrível".
Outros deram boas-vindas à vitória, mas relativizaram a importância do evento.
"Não é a coisa mais importante neste momento", afirmou Vadym Zaplatnikov, de 61 anos. Para ele, "recuperar a Crimeia" seria uma notícia melhor.
A Kalush Orchestra, que superou outros 23 participantes na final, conquistou o público com "Stefania", um rap que combina folclore com ritmos modernos e coreografia de breakdance.
"Nossa coragem impressiona o mundo, nossa música conquista a Europa!", escreveu no Facebook o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, após a divulgação dos resultados.
- 'Glória à Ucrânia' -
"A vitória é muito importante para a Ucrânia, especialmente este ano. Obrigado de todo coração. Glória à Ucrânia", declarou Oleh Psiuk, líder da banda, aos jornalistas depois do concurso.
Horas antes, Psiuk aproveitara o momento para lançar luz sobre a guerra. "Por favor, ajudem a Ucrânia e Mariupol! Ajudem Azovstal!", pediu, em inglês.
O vocalista fazia referência às forças ucranianas assediadas pelos soldados russos no enorme complexo siderúrgico situado na cidade portuária do sul do país, às margens do Mar de Azov.
Após vencer a final, a banda difundiu o vídeo oficial de "Stefania", gravado, em parte, nos subúrbios de Kiev, onde foram travados intensos combates com as forças russas e onde foram revelados supostos massacres cometidos pelos invasores.
Em outras partes da Europa, a vitória da Ucrânia foi vista como uma validação da postura do continente frente à invasão.
"Vimos ontem o imenso apoio público, em toda a Europa e Austrália, à valentia da" Ucrânia, disse o secretário-geral adjunto da Otan, Mircea Geoana, em Berlim neste domingo.
O triunfo do sábado foi o terceiro da Ucrânia no Eurovision, após os de 2004 e, sobretudo, de 2016, dois anos depois de Moscou ter anexado a península da Crimeia.
Segundo as regras do Eurovision, a próxima edição do concurso deveria acontecer na Ucrânia.
Nesse sentido, Zelensky manifestou seu desejo de que o evento seja realizado na "livre, pacífica e reconstruída" Mariupol, em 2023.
* AFP