A COP15 contra a desertificação foi inaugurada nesta segunda-feira (9) em Abidjan, na Costa do Marfim, na presença de vários chefes de Estado africanos, para tentar agir contra a rápida degradação dos solos e responder à "emergência climática".
Menos conhecida do que sua "irmã mais velha" sobre o clima, esta Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNAPCD, na sigla em inglês), que celebra sua 15ª edição, aborda questões cruciais. De acordo com a ONU, 40% das terras de todo mundo se degradaram.
"Nossa cúpula acontece em um contexto de emergência climática que impacta duramente nossas políticas de gestão de terras e agrava o fenômeno da seca", declarou o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, durante a abertura da sessão, acompanhada presencialmente por nove chefes de Estado africanos.
"Nossos povos depositam muita esperança em nós. Não temos o direito de decepcioná-los. Vamos agir rápido, vamos agir juntos para dar uma nova vida às nossas terras!", acrescentou.
Nove chefes de Estado africanos, incluindo os presidentes nigeriano, Mohamed Bazoum; congolês, Felix Tshisekedi; e o nigeriano, Muhammadu Buhari, participam do evento.
Bazum lamentou "que o rendimento agrícola caia a cada ano" e Tshisekedi destacou "o prolongamento das estações secas" e o "avanço dos desertos do Saara e do Kalahari" no continente.
- Secas, tempestades de poeira e de areia e incêndios -
Nesta segunda-feira pela manhã, o presidente da Costa do Marfim apresentou a "Iniciativa Abidjan", um programa que busca mobilizar US$ 1,5 bilhão ao longo de cinco anos para restaurar "ecossistemas florestais degradados" no país e promover "abordagens de gestão sustentável dos solos".
A superfície florestal da Costa do Marfim diminuiu 80% desde 1900, de 16 milhões de hectares para 2,9 milhões em 2021.
"No ritmo atual, nossas florestas podem desaparecer totalmente até 2050", alertou Alassane Ouattara.
Os participantes da COP15, que durará até 20 de maio, cujo tema é "Terra. Vida. Patrimônio: um mundo precário rumo a um futuro próspero", vão tentar propor medidas concretas para deter a desertificação.
"Atenção especial será dada à restauração de 1 bilhão de hectares de terras degradadas até 2030, sustentabilidade do uso das terras diante das consequências das mudanças climáticas e (...) os riscos de catástrofes como secas, tempestades de areia e de poeira e incêndios florestais", disse a UNCAC em comunicado.
Esses fenômenos afetam notavelmente o continente africano. Prevê-se ainda abordar o projeto faraônico da "Grande Muralha Verde", que visa restaurar até 2030 cem milhões de hectares de terras áridas africanas, numa faixa de 8.000 km, do Senegal ao Djibuti.
* AFP