Confrontos entre garimpeiros no norte do Chade na semana passada deixaram quase 100 mortos e pelo menos 40 feridos, informou nesta segunda-feira (30) o ministro da Defesa do país à AFP.
Os conflitos, que aconteceram em 23 de maio perto da fronteira com a Líbia, começaram com uma "briga banal entre duas pessoas que saiu de controle", disse o general Daoud Yaya Brahim.
Os confrontos posteriores entre garimpeiros "deixaram quase 100 mortos e pelo menos 40 feridos", acrescentou.
A região, localizada no vasto maciço montanhoso e desértico de Tibesti, de difícil acesso, está repleta de minas exploradas muitas vezes de forma clandestina por uma multidão procedente de todo o país e de Estados vizinhos, como Líbia, Níger e Sudão. Tanto o clima quanto o terreno dificultam o controle da área pelas autoridades.
Na quarta-feira, o ministro da Comunicação, Abderaman Koulamallah, afirmou em um comunicado que os confrontos terminaram com "perdas humanas e vários feridos". Mas não revelou mais detalhes sobre o incidente, que aconteceu mais de 1.000 quilômetros ao nordeste da capital, N'Djamena.
De acordo com Daoud Yaya Brahim, os confrontos foram entre pessoas da Mauritânia e da Líbia.
"Tudo começou a partir de uma briga entre dois indivíduos de comunidades diferentes. O governo enviou tropas para intervir e atiraram nas pessoas. Segundo nossas informações, há pelo menos 200 mortos", disse o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) ), Mahamat Nour Ibedou, que não soube dar mais detalhes.
O líder do partido de oposição Os Transformadores, Succes Masra, e o principal grupo rebelde armado, a Frente de Alternância e Concórdia no Chade (FACT), corroboraram esse número de mortos. Algo que o ministro da Defesa negou: "As forças de defesa e segurança não dispararam e não houve 200 mortos".
"Não é a primeira vez que acontecem confrontos entre garimpeiros na região e decidimos suspender, até nova ordem, qualquer exploração de ouro em Kouri, sabendo que a grande maioria é ilegal", declarou Daoud Yaya Brahim.
A região de Tibesti foi o berço de várias grandes revoltas desde a independência do país em 1960. Desde a descoberta de depósitos de ouro em 2012, esta parte do país atraiu comerciantes, militares e membros da oposição armada do Chade e de Sudão.
"É uma área hostil, uma área quase sem lei, é o Velho Oeste. As pessoas vão porque há ouro e isso cria conflito", disse à AFP o ministro das Comunicações, Abderaman Koulamallah, na quarta-feira.
Um grupo rebelde presente na região, o Conselho do Comando Militar para a Salvação da República (CCMSR), garantiu em comunicado nesta segunda-feira que este "massacre" ocorreu "sob o olhar cúmplice das forças de segurança".
Após trinta anos de regime autoritário, o presidente Idriss Deby morreu no ano passado em confrontos com rebeldes. Desde 20 de abril de 2021, seu filho, o jovem general Mahamat Idriss Deby Itno, está à frente da junta militar que governa Chade.
* AFP