O senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro pode se tornar o primeiro presidente de esquerda na Colômbia em meio a uma eleição tumultuada que as pesquisas preveem em dois turnos, com o primeiro no domingo (29).
Aqui estão cinco coisas que você deve saber sobre este país sul-americano.
Violência
A Colômbia ainda sofre as consequências de um conflito prolongado, que por seis décadas opôs o Estado contra os rebeldes das FARC, o grupo guerrilheiro que se desmobilizou com o acordo de paz de 2016.
O Registro Único de Vítimas, feito pelo Estado, estima que a violência deixou mais de nove milhões de vítimas, a maioria deslocadas, e desse número pelo menos um milhão por homicídios, ameaças, crimes sexuais, sequestros e minas antipessoais.
Um conflito intensificado pelos cartéis de drogas e paramilitares de extrema direita, que junto com outros guerrilheiros continuam armados.
O acordo de paz garantiu penas alternativas de prisão para os combatentes das FARC que confessarem sua culpa.
O Estado também prometeu melhorar os serviços básicos nas áreas rurais em troca do desmantelamento da guerrilha e sua participação política, compromissos que, segundo especialistas, não cumpriu.
Iván Duque, o atual presidente de direita e que, por lei, não pode aspirar à reeleição, chegou ao poder em 2018 com a promessa de modificar o que foi assinado e com o apoio de um amplo setor que se opôs ao acordo, considerando-o uma porta à impunidade.
Os dissidentes das FARC, integrantes do ainda ativo Exército de Libertação Nacional (ELN), o único grupo guerrilheiro reconhecido no país, e quadrilhas criminosas ligadas ao narcotráfico e à mineração ilegal, têm mais de 10 mil combatentes, segundo estudos independentes.
A campanha conturbada também reviveu o espectro de assassinatos em um país onde cinco candidatos presidenciais foram mortos no século XX. O candidato de esquerda Gustavo Petro, sua candidata à vice-presidente, a ambientalista Francia Márquez; e o direitista Federico Gutiérrez denunciaram recentes intimidações e ameaças de morte.
Maior produtor de cocaína
O país de 50 milhões de habitantes continua sendo o maior produtor mundial de cocaína. Em 2020, a Colômbia tinha 143 mil hectares de plantações de folha de coca, segundo a ONU.
Desde então, Duque lançou um plano de combate às drogas que visava reduzir pela metade as plantações ilegais até o próximo ano, uma meta apoiada pelos EUA que o governo não conseguiu cumprir.
Primeira vice-presidenta negra?
Embora apenas 9,3% da população colombiana se identifique como negra, as comunidades negras têm sido tradicionalmente marginalizadas da política. Márquez, o fenômeno eleitoral das primárias de março, obteve a terceira maior votação (mais de 700 mil votos) atrás de Petro e do direitista Federico Gutiérrez.
A ambientalista tem agora a possibilidade de se tornar a primeira vice-presidente negra da história do país como vice de Petro.
Tensões com Venezuela
A Colômbia compartilha uma fronteira de 2,2 mil quilômetros com a Venezuela e é o principal destino dos venezuelanos que fogem da crise econômica em seu país. Ambos os países mantêm uma relação tensa desde que Caracas rompeu relações diplomáticas com Bogotá em 2019, depois que Duque reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como presidente.
Segundo o presidente de direita, Nicolás Maduro dá refúgio a grupos armados colombianos. O chavismo nega.
García Márquez e Shakira
A história de sangue na Colômbia criou personagens sinistros como o barão da cocaína, Pablo Escobar, morto em 1993. Do lado cultural, destaca-se uma safra de personagens, como o Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, criador do realismo mágico com sua obra-prima "Cem anos de solidão", ou o pintor e escultor Fernando Botero.
Além disso, o país começou o século 21 com diversos cantores mundialmente famosos como Shakira, J Balvin, Maluma e Karol G.