As autoridades da região de Amhara, no noroeste da Etiópia, detiveram 373 pessoas suspeitas de participar de atos de violência contra muçulmanos na última terça-feira, que deixaram ao menos 20 mortos, informou nesta sexta-feira (29) um responsável regional.
"Em relação às desordens produzidas na cidade de Gondar, foram detidos 373 suspeitos", declarou nesta sexta-feira à Amhara Media Corporation, o veículo de comunicação oficial da região, o chefe do Departamento de Paz e Segurança de Amhara, Desalegn Tassew, sem mencionar nenhum balanço de vítimas.
"Consideramos responsáveis ante a Justiça as forças de segurança e os dirigentes que não assumiram suas responsabilidades", acrescentou, sem dar mais detalhes.
O Conselho de Assuntos Muçulmanos da região de Amhara afirmou que ao menos 20 pessoas morreram durante o funeral de um líder muçulmano na localidade de Gondar. Esses atos foram qualificados de "massacre cometido contra muçulmanos [...] por extremistas cristãos".
Uma desavença entre cristãos ortodoxos e muçulmanos sobre o cemitério onde ocorreu o enterro poderia explicar a violência.
"Apesar das ações incessantes para tomar posse do cemitério de Cheij Elias, o lugar é, desde sempre, um cemitério muçulmano", afirmou o Conselho em comunicado.
O cemitério está no limite entre uma mesquita e uma igreja ortodoxa, o que enfureceu alguns cristãos, explicou à AFP, sob condição de anonimato, um integrante das forças locais de segurança em Gondar.
A região de Amhara é majoritariamente cristã ortodoxa, a religião mais importante da Etiópia (43% da população). Já os muçulmanos são 30% da população.
* AFP