A cidade de Mariupol, cercada pelo exército russo e seus aliados, é um porto estratégico de 450 mil habitantes e a última grande cidade à beira do Mar de Azov, na costa sudeste, sob o controle de Kiev.
Após vários dias de bombardeios, a Rússia anunciou na manhã deste sábado um cessar-fogo para permitir a saída de civis retidos pelos combates, mas o prometido não foi cumprido, e a evacuação da cidade foi interrompida.
O prefeito da cidade de língua russa, Vadim Boishenko, acusou na quinta-feira (3) as tropas de Moscou e as forças pró-Rússia de buscar "impor um bloqueio" a Mariupol, ao impedir chegada de mantimentos e cortar as "infraestruturas vitais": água, energia elétrica e calefação.
Situada a 55 km da fronteira russa e a 85 km do reduto separatista de Donetsk, apoiado por Moscou, Mariupol é no momento a maior cidade sob controle de Kiev na região de Donbass, que inclui as áreas de Donetsk e Lugansk, parte delas já controladas por rebeldes pró-Rússia.
Se Moscou conquistar esta cidade, aconteceria uma grande mudança no conflito, iniciado em 24 de fevereiro, porque permitiria à Rússia dominar todo o território dali até a Crimeia anexada. Também unificaria o território das forças que tomaram o controle dos portos de Berdiansk e Kherson, e das tropas separatistas e russas de Donbass.
Os dois grupos se uniram na costa do Mar de Azov na terça-feira, segundo Moscou. Os separatistas anunciaram na quarta-feira que Mariupol estava cercada.
A cidade portuária foi brevemente ocupada pelos separatistas pró-Rússia em 2014, quando a Crimeia foi invadida, mas recuperada por parte das tropas ucranianas.
Além da situação geográfica estratégica, Mariupol é uma grande cidade industrial. Como Berdiansk, seu porto comercial tem importância crucial para as exportações de cereais ou aço procedentes do leste do país.
Duas grandes empresas metalúrgicas, as fábricas Azovstal e Illitch, estão presentes em Mariupol e empregam dezenas de milhares de pessoas.