A organização Human Rights Watch pediu ao governo de Uganda que feche os centros de detenção ilegais usados pelos serviços de segurança para reprimir a oposição, em um relatório divulgado nesta terça-feira alertando sobre o uso de tais locais para tortura.
"A Human Rights Watch pede ao governo de Uganda que feche imediatamente as chamadas casas seguras e outros centros de detenção ilegais", disse a organização de direitos humanos.
A ONG também pediu a libertação imediata dos detidos nesses locais.
O relatório é baseado em entrevistas com 51 pessoas, incluindo 34 ex-detentos e testemunhas de sequestro, que descreveram abusos sofridos nas mãos de policiais e agentes de segurança entre abril de 2019 e novembro de 2021.
A repressão se intensificou nos dois meses anteriores e posteriores às eleições de 2021 em Uganda, quando críticos do governo, políticos da oposição e manifestantes foram detidos ilegalmente e desapareceram.
Em muitos casos, o paradeiro dos detidos continua desconhecido, segundo a HRW, um ano após as eleições, nas quais o presidente Yoweri Musveni, que governa Uganda com mão de ferro desde 1986, foi reeleito.
As vítimas consultadas disseram à HRW que foram conduzidas a veículos conhecidos como "drones", usados no sequestro de opositores do governo de Uganda, antes de serem transferidos para locais de detenção secretos supervisionados pela Organização de Segurança Interna (ISO), o serviço local de inteligência.
Nesses locais, as vítimas teriam sido brutalmente torturadas, como casos de captores arrancando as unhas, queimando seus corpos com ferros ou abusando sexualmente delas.
Em alguns casos, as vítimas foram algemadas, acorrentadas e suspensas do teto por dezenas de horas de cada vez, uma técnica apelidada de "Rambo".
Outros relataram que receberam injeções com substâncias desconhecidas, choques elétricos, e alguns disseram ter visto detentos com tijolos pendurados em seus testículos.
Casos de abusos foram documentados em um relatório do comitê parlamentar de fevereiro de 2020, que relatou torturas realizadas em centros de detenção da polícia e da ISO e pediu mais investigações.
Mas tais investigações não foram conduzidas, de acordo com a HRW.
* AFP