A França afirmou que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, aceitaram "a princípio" participar de uma reunião de cúpula proposta para evitar uma invasão russa da Ucrânia, mas o Kremlin destacou que é "prematuro" falar de um encontro entre os dois chefes de Estado.
A iniciativa de Paris é um novo esforço diplomático para conter a crise. A reunião proposta pelo presidente francês, Emmanuel Macron, será seguida de encontro com "todas as partes envolvidas" nesta crise em que será abordada "a segurança e a estabilidade estratégica na Europa", afirmou o Palácio do Eliseu.
Paris destacou, no entanto, que o diálogo "não poderá acontecer se a Rússia invadir a Ucrânia".
A Casa Branca confirmou a disposição de Biden de participar em uma reunião com Putin.
— O governo dos Estados Unidos está comprometido com a diplomacia até o momento em que começar a invasão — declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em um comunicado. — O presidente Biden concordou em princípio com uma reunião com o presidente Putin... se não acontecer uma invasão — acrescentou.
— Também estamos preparados para aplicar sanções rápidas e severas se a Rússia optar pela guerra. E, atualmente, a Rússia parece continuar os preparativos para um ataque em grande escala muito em breve na Ucrânia — afirmou Psaki.
Mas o governo russo foi bem mais cauteloso ao comentar a possível reunião entre Putin e Biden.
— Há um entendimento sobre o fato de ter que continuar o diálogo entre ministros (das Relações Exteriores). Falar sobre planos concretos para organizar reuniões de cúpulas é prematuro — afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
— Uma reunião é possível caso os chefes de Estado a considerem útil — acrescentou, antes de afirmar que Biden e Putin sempre têm a possibilidade de conversar "por telefone ou de outra maneira quando necessário".
A proposta de reunião foi anunciada após um fim de semana de gestão diplomática de Macron, que conversou duas vezes por telefone com Putin, além de ter dialogado com Biden e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O anúncio francês acontece no momento em que Rússia e Ucrânia trocam acusações de responsabilidade por novos combates na região leste separatista ucraniana.
A agenda da possível reunião deve ser preparada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, segundo a presidência francesa.
O anúncio francês surpreendeu e contrasta com o temor de uma invasão russa da Ucrânia. Blinken insistiu no domingo que a Rússia está "a ponto" de invadir o país vizinho.
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, celebrou o anúncio do encontro e afirmou que espera um acordo sobre uma retirada das tropas russas da fronteira.
— Pensamos que vale a pena tentar qualquer esforço que vista uma solução diplomática (...). Esperamos que os dois presidentes saiam com um acordo sobre a retirada das tropas russas — declarou Kuleba.
— Há uma realidade no local, um tensão com uma presença militar russa que continua sendo extremamente forte (..) e ao mesmo tempo uma esperança diplomática — destacou o secretário francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune.
— Devemos permanecer "extremamente prudentes, mas se ainda existe uma oportunidade de evitar a guerra... temos que aproveitar — acrescentou.