Uma investigação interna sobre um total de 16 festas realizadas durante os confinamentos de 2020 e 2021 em Downing Street denunciou, nesta segunda-feira (31), "falhas de liderança e de julgamento" no gabinete do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
"Houve falhas de liderança e de julgamento de diferentes partes em Downing Street e no gabinete, em diferentes momentos. Alguns eventos não deveriam ter sido permitidos", concluiu a responsável pela investigação, Sue Gray, em um relatório entregue a Johnson, que deve responder a ele, em menos de uma hora, na Câmara dos Comuns.
A classe política do país, especialmente os deputados do Partido Conservador de Johnson, que cogitam se unir a uma rebelião contra seu líder para tentar afastá-lo do poder, esperam há uma semana as conclusões da investigação interna.
O primeiro-ministro prometeu na semana passada publicar o texto na íntegra assim que o recebesse, além de comparecer ao Parlamento para responder a perguntas sobre o relatório.
No entanto, a divulgação do documento foi adiada pela decisão da polícia, anunciada na última terça-feira (24), de abrir um inquérito oficial e pelo pedido da Scotland Yard de que as conclusões de Gray mencionassem de forma "mínima" oito festas possivelmente ilegais que são alvos da investigação.
"Podemos confirmar que Sue Gray entregou ao primeiro-ministro uma atualização de sua investigação", informou nesta segunda, em comunicado, o Cabinet Office, um organismo interdepartamental.
De acordo com a agência de notícias britânica PA, Gray entregou a Johnson "uma versão" de sua investigação. O canal Sky News informou que o documento "não é o relatório completo e final".
Muitos deputados conservadores aguardam a publicação do relatório interno para decidir se tentam destituir Johnson como seu líder e, por consequência, como chefe de Governo. Porém, os elementos mais prejudiciais para o primeiro-ministro devem ser incluídos na investigação policial, cujas conclusões podem demorar semanas ou meses para a divulgação.