Quirguistão e Tadjiquistão anunciaram nesta sexta-feira (28) um cessar-fogo após uma nova onda de confrontos na fronteira entre os dois países da Ásia central, que terminaram com dois tadjiques mortos e 10 feridos.
Os confrontos foram os mais violentos desde o início de 2021, quando os combates entre os dois países deixaram dezenas de mortos.
As duas ex-repúblicas soviéticas têm uma relação tensa por questões territoriais e pelo acesso à água.
"No conflito fronteiriço, 10 pessoas ficaram feridas no lado tadjique, seis militares e quatro civis, e dois cidadãos da República do Tadjiquistão morreram", afirmou o Comitê de Segurança Nacional do Tadjiquistão em um comunicado.
As duas vítimas fatais são um "homem nascido em 1986, que morreu por uma granada disparada por soldados do Quirguistão, e um motorista de ambulância nascido em 1964", informa a nota.
Uma agência de notícias tadjique informou que 17 cidadãos do país ficaram feridos. O ministério da Saúde do Quirguistão anunciou um balanço de 11 feridos do seu lado de fronteira.
Após os confrontos, que começaram entre os guardas de fronteira, os dois países anunciaram um cessar-fogo nesta sexta-feira.
Os dois países concordaram em retirar suas tropas, coordenar as patrulhas na fronteira e garantir o tráfego em uma rodovia estratégica.
O presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, afirmou no Facebook que o conflito será solucionado por "meios "pacíficos pela via da negociação" e pediu que as pessoas não acreditem em "informações falsas que buscam uma escalada da situação".
As autoridades do Tadjiquistão, um país autoritário, confirmaram o acordo.
"A situação na fronteira é estável, as causas e os fatores do conflito fronteiriço foram examinados por uma comissão conjunta que reuniu as estruturas competentes das duas partes", afirmou o Comitê de Segurança Nacional tadjique.
- Troca de acusações -
Como é habitual nas disputas de fronteira, os relatos divergem entre as partes.
As autoridades tadjiques afirmam que as tensões começaram quando um grupo de quirguizes "apreendeu à força" um veículo tadjique que transportava areia entre duas cidades do país.
"Os guardas de fronteira quirguizes (...) abriram fogo contra civis da República do Tadjiquistão", acrescentaram as autoridades de Dushanbe, que reclamaram do voo de drones que violaram o espaço aéreo do país.
O Quirguistão respondeu afirmando que o Tadjiquistão "divulga informações equivocadas sobre o uso de drones" e que foram "guardas de fronteira tadjiques que os utilizaram com fins de reconhecimento".
Em 2021, os dois países se enfrentaram em uma área próxima, ao redor de Voruj, um enclave quirguiz no Tadjiquistão, um conflito que tem como pano de fundo as tensões pelo acesso à água.
Os confrontos deixaram 60 mortos e foi o momento mais violento entre os dois países em vários anos.
* AFP