Embarcações que precisam mudar de destino, passageiros em isolamento.
A variante Ômicron castiga novamente o setor de turismo de cruzeiros, apesar de seus responsáveis destacarem a baixa porcentagem de viajantes afetados, em sua maioria assintomáticos.
As "bolhas sanitárias" (vacinação obrigatória, testes múltiplos) impostas aos navios quando as viagens foram retomadas na primavera boreal de 2021 não foram suficientes para conter os surtos de Covid-19 nessas embarcações.
Em Hong Kong, o cruzeiro Spectrum of the Seas, da Real Carribean, foi obrigado na quarta-feira(5) a retornar ao porto mais cedo, ao detectar nove casos de covid entre seus 3,7 mil passageiros.
Na Itália, ao menos 45 viajantes dos 4.813 que navegavam no Grandiosa, da companhia MSC, foram colocados em quarentena no porto de Gênova; na Espanha, 3 mil passageiros do AIDAnova desembarcaram em Lisboa em vez de Canárias depois da detecção de 68 casos positivos.
No Brasil, as próprias empresas de cruzeiros decidiram suspender as travessias até 21 de janeiro, devido a "divergências" com as autoridades de saúde sobre a aplicação dos protocolos contra a covid definidos há dois meses. Recentemente, a Anvisa suspendeu embarques em dois navios no litoral brasileiro, após dezenas de passageiros testarem positivo para Covid .
Nos Estados Unidos, as autoridades sanitárias aumentaram o limite de alerta, recomendando evitar os cruzeiros, inclusive para pessoas vacinadas.
"Os casos detectados nos cruzeiros representam apenas uma pequena minoria da população total a bordo e a maioria desses casos é assintomática ou de natureza benigna, representando uma carga mínima ou nula para os serviços médicos a bordo ou em terra", afirmou em nota a associação internacional de cruzeiros, que se declarou "perplexa" com as recomendações das autoridades sanitárias.
"O que aprendemos com essa pandemia é que nada é 100% à prova do vírus, nada", afirmou à AFP um executivo de uma grande companhia mundial que deseja permanecer no anonimato.
A Ômicron trouxe outro duro golpe para um mercado que, em 2019, representava US$ 49 bilhões e que viu sua atividade completamente paralisada durante um ano a partir de março de 2020, segundo o estudo da consultoria Roland Berger.