O Quirguistão realiza neste domingo (28) eleições legislativas em meio a tensões pela afirmação das autoridades de terem frustrado um golpe de Estado.
Desde sua independência em 1991, esta ex-república soviética da Ásia Central, fronteiriça com Cazaquistão e China, três de seus líderes foram obrigados a abandonar o cargo após protestos violentos em 2005, 2010 e 2020.
O atual presidente Sadyr Japarov, que ascendeu ao poder após confrontos depois das legislativas de outubro de 2020, desfruta de um importante apoio popular que deve resultar em um parlamento leal.
No entanto, seus críticos afirmam que suas tendências são autoritárias, ilustradas pela detenção de rivais e uma reforma que reforçou seus poderes às custas dos deputados.
Neste domingo, 21 partidos e centenas de candidatos participam das eleições para se dividirem nas 90 cadeiras do Parlamento.
Os centros de votação abriram às 08h00 (23h00 de sábado no horário de Brasília) e os primeiros resultados são esperados pouco depois de seu encerramento, às 20h00 (11h00 em Brasília).
O presidente Japarov votou em Bishkek, a capital, e pediu aos seus compatriotas que fizessem o mesmo pelo "futuro" do país.
As eleições testam a estabilidade deste Estado de maioria muçulmana e 6,5 milhões de habitantes, conhecido tanto por suas crises políticas quanto por suas belas paisagens montanhosas e suas tradições nômades.
Muitos dos eleitores entrevistados pela AFP em Bishkek neste domingo esperavam que a votação leve ao apaziguamento.
"Quero que as eleições sejam civilizadas e honestas. Quero viver em um país agradável, não como nos últimos 30 anos", disse Liudmila Pavlova, de 58 anos, membro da minoria russa.
Ao meio-dia (horário local), a participação era de 16%, segundo a comissão eleitoral.
Prova de que a situação permanece incerta, o Comitê Estatal de Segurança Nacional anunciou na sexta-feira a detenção de 15 pessoas, entre elas vários deputados, acusadas de planejar um golpe de Estado.
As autoridades não deram nomes, mas Erkin Bulekbayev, líder do pouco conhecido Partido Verde, disse à AFP que três de seus membros estavam entre os detidos.
Segundo o Comitê, os suspeitos queriam incitar "mil jovens agressivos" a se manifestarem para provocar o caos após a votação de hoje.
* AFP