O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu aos africanos nesta quarta-feira (17) que permaneçam vigilantes diante das crescentes ameaças à democracia, em discurso na primeira etapa, no Quênia, de sua viagem continental.
Antes de uma reunião com o presidente Uhuru Kenyatta, o secretário de Estado conversou hoje com líderes da sociedade civil queniana, aos quais pediu ideias sobre como conter os "atores malignos" que desafiam as instituições democráticas.
"Assistimos, na última década, ao que alguns chamam de recessão democrática", disse ele durante o encontro com defensores de direitos, um observador eleitoral, ou um líder sindical.
Esta recessão tem sido patente no continente. Apenas no ano passado, a África foi palco de golpes de Estado no Chade, Mali, Guiné e Sudão, uma lista de focos de instabilidade na qual também é preciso incluir o conflito na Etiópia.
"Mesmo democracias dinâmicas como o Quênia estão sob pressão, especialmente em época de eleição", advertiu Blinken.
"Vimos aqui os mesmos desafios que vemos em muitas regiões do mundo: desinformação, violência política, intimidação de eleitores, corrupção", acrescentou.
Reiterando temas recorrentes da administração do presidente Joe Biden, Blinken insistiu em suas advertências contra as ameaças à liberdade de imprensa, assim como contra a corrupção.
O secretário de Estado reconheceu que os Estados Unidos não estão isentos dessas ameaças, como se viu na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro deste ano por parte de simpatizantes de Donald Trump para anular o resultado eleitoral.
"Vimos até que ponto nossa própria democracia pode ser frágil", disse ele.
O Quênia é um dos aliados mais antigos dos Estados Unidos na África e um interlocutor privilegiado do atual governo. O presidente Kenyatta foi o primeiro líder africano convidado à Casa Branca por Biden.
As eleições neste país são regularmente marcadas pela violência. Em 2022, elege-se um novo presidente.
Blinken continuará sua viagem africana pela Nigéria, o país mais populoso do continente. Seu governo é criticado por Washington por sua atitude em relação aos direitos humanos - sobretudo, pela repressão policial aos protestos de um ano atrás.
Depois, Blinken segue para o Senegal, considerado um exemplo de estabilidade democrática na África.
* AFP