O naufrágio de um barco com migrantes nesta quarta-feira (24) na costa norte da França deixou mais de 27 mortos, informou a polícia francesa em um balanço provisório. Segundo uma fonte próxima ao caso, a embarcação zarpou de Dunquerque com cerca de 50 migrantes a bordo.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, lamentou a tragédia no Twitter. "Meus pensamentos estão com os muitos desaparecidos e feridos, vítimas de criminosos que se aproveitam de sua angústia e miséria", acrescentou.
O balanço dessa tragédia supera por si só o número total de mortes no Canal da Mancha desde 2018, quando começou a aumentar o contingente de migrantes que tentam alcançar a costa britânica a bordo de pequenas embarcações devido à maior vigilância nos portos e no túnel que liga França e Inglaterra.
Antes desse naufrágio, o balanço de 2021 era de três mortos e quatro desaparecidos. Em 2020, seis pessoas perderam a vida e outras três desapareceram. Em 2019, foram registrados quatro mortos.
As tarefas de busca, que continuam durante a tarde, começaram depois que um pescador alertou, "por volta de 14h", a "descoberta de cerca de 15 corpos flutuando na costa de Calais", segundo o Ministério do Interior.
De acordo com a prefeitura marítima local, três helicópteros e três navios participavam dos trabalhos de busca. O Ministério Público de Dunquerque anunciou a abertura de uma investigação.
Reunião de crise em Londres
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que deve visitar o local, expressou no Twitter sua "forte comoção" diante dessa "tragédia" e destacou a "natureza criminosa" de quem "organiza essas travessias".
O prefeito marítimo da Mancha e do Mar do Norte, Philippe Dutrieux, alertou na sexta-feira (19) que essas travessias de migrantes a bordo de pequenas embarcações dobraram nos últimos três meses. Desde janeiro até 20 de novembro, 31,5 mil migrantes saíram da costa francesa e 7,8 mil foram resgatados, afirmou Dutrieux, que apontou que a tendência não diminuiu, apesar da queda das temperaturas.
O Reino Unido, que acusou meses atrás a França de não fazer o suficiente para deter a chegada de migrantes a sua costa, vai garantir que 22 mil consigam cruzar o Canal da Mancha nos 10 primeiros meses do ano.
Apesar da tensão entre os dois países por esse fenômeno, Londres e Paris se comprometeram a "reforçar" sua cooperação, após a chegada, em 11 de novembro, de 1.185 migrantes à costa inglesa, um recorde.
Após a nova tragédia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, convocou uma reunião de crise com vários de seus ministros "sobre a situação no Canal da Mancha esta tarde", anunciou seu porta-voz.