O presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, foi reeleito com mais de 80% dos votos - anunciou a Comissão Eleitoral nesta segunda-feira (25), um dia depois de eleições marcadas pela ausência de uma verdadeira oposição.
De acordo com os resultados preliminares, Mirziyoyev obteve 80,1% dos votos, informou a Comissão Eleitoral Central.
À frente do país mais populoso da Ásia Central desde 2016, o presidente terá um novo mandato de cinco anos.
Antes mesmo da divulgação dos resultados, o presidente russo, Vladimir Putin, já havia felicitado o colega uzbeque por sua "vitória convincente", em uma demonstração de como o resultado já era esperado.
Os críticos acusam Mirziyoyev de eliminar qualquer oposição real da disputa eleitoral. No domingo, ele enfrentou quatro candidatos considerados marionetes, que não falaram nada contra o governo durante a campanha.
Para os observadores, o resultado estava definido antes mesmo da votação.
As eleições aconteceram "sem uma verdadeira concorrência", afirmaram as missões da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e o Parlamento Europeu em um comunicado conjunto divulgado nesta segunda-feira.
Apesar de a preparação para a eleição ter sido "eficiente e profissional", as operações durante a votação de domingo (24) foram ofuscadas por "muitas irregularidades graves", destacaram os observadores.
Foram detectados "indícios de preenchimento de cédulas nas urnas em vários locais de votação" e se observou que "um grande número de eleitores conseguiu votar sem apresentar um documento de identidade".
A Comissão Eleitoral uzbeque rebateu as acusações e afirmou que a votação foi organizada segundo "as normas internacionais".
Após sua chegada ao poder, Mirziyoyev provocou a esperança de democratização do país. Aboliu o trabalho forçado, abriu a economia e libertou opositores detidos e torturados por seu implacável antecessor, Islam Karimov.
Recentemente, porém, o presidente retomou as práticas do passado, com uma onda de repressão aos críticos antes da votação.
País de 34 milhões de habitantes e com fronteira com o Afeganistão, o Uzbequistão está em uma região difícil e estratégica, com forte influência de Rússia e China.
Cinco anos após a morte do ex-presidente Karimov, o Uzbequistão respira mais liberdade. Mirziyoyev acabou com o trabalho forçado nos campos de algodão, onde milhares de menores de idade eram explorados. Com a medida, ganhou muitos elogios da comunidade internacional.
No comunicado, os observadores internacionais classificaram as reformas como "um sinal promissor", mas denunciaram "a detenção, a intimidação e as pressões" contra jornalistas durante a campanha eleitoral.
Os últimos meses de seu primeiro mandato foram marcados pela crescente repressão dos dissidentes, especialmente com a detenção de blogueiros.
Khidirnazar Allakulov, considerado um dos poucos críticos de verdade, não foi autorizado a disputar a presidência.
* AFP