Funcionários dos hospitais públicos de Moçambique obrigam mulheres que chegam para dar à luz a entregarem dinheiro a eles e maltratam as que não pagam, afirmaram organizações de defesa de direitos nesta quarta-feira (13).
O Observatório de Mulheres, que reúne 40 organizações da sociedade civil, disse ter registrado, desde o início de 2021, 16 relatos de extorsão e abusos em três hospitais da capital Maputo e arredores.
Em um comunicado do Observatório, vítimas informam que eles pediram até uma quantia equivalente a 43 euros para fornecerem atendimento, um valor longe do alcance de muitos habitantes desse país pobre do sul da África.
As que não podiam pagar afirmam que foram maltratadas com violência antes, durante e depois do parto. Algumas perderam seus bebês.
Os grupos da sociedade civil afirmam que entregaram suas conclusões ao ministério da Saúde.
"Pedimos às autoridades que investiguem sem complacências para iniciar procedimentos administrativos e processos penais", declarou à AFP nesta quarta-feira Clelia Pondja, membro de uma das organizações.
"Sabemos que muitas mulheres em outros lugares do país sofrem o mesmo, embora não o denunciem", acrescentou.
Até o momento, o ministério da Saúde de Moçambique não respondeu aos pedidos de comentários feitos pela AFP.
Um dos hospitais envolvidos, contatato pela AFP, rejeitou comentar essas acusações.
* AFP